“Viajo pelos dias sem tempo, em vislumbres de eternidade, tendo no futuro um aliado, não esquecendo o passado, vou em busca da verdade. Sou diáfana duplicidade, pensamento etéreo e esfumado, imaginação de um simples momento, furacão destruidor e violento ou pacífica serenidade. Nunca havia viajado assim, sentado na nuvem que corre, em direcção ao infinito. Percebo a vida, calo o grito: antes de renascer, tudo morre… Às artérias, o sangue acorre, termina a ilusão, acaba-se o mito. (No espelho de quem sou vejo a imagem de mim.) Ao meu corpo regresso por fim; é a unificação que ocorre!”
V.A.D. em Retorno
Vídeo: Viagem da Mente (Place 8 – Kattoo) (www.youtube.com/watch?v=Lh-vrNMph9c)
Ao fim da noite, sou silêncio e luz
Vento siroco, radiosa alvorada
Sou princípio e fim da estrada
Sou verbo que encanta e seduz
Audácia firme ou vã bravata
Rio de águas calmas, rugido de catarata
Intenso brilho, ténue reflexo de luar
Sou ilusão etérea, profundo mar
Sou poção que rejuvenesce ou mata
Símbolo cinzelado, audível fonema
Enigma complexo, solução de problema
Física de partículas, matemática pura
Sou esquisso de alguém, surreal pintura
Sou certeza absoluta ou irresolúvel dilema
Viagem sem revés, aventura perigosa
Fleuma indizível e agitação buliçosa
Sopro de vida, infalibilidade da morte
Sou azar profundo, amplíssima sorte
Sou vibração de corda, melopeia silenciosa
Humm…
Dia soalheiro, existência maravilhosa!
Imagem: Nascer do Sol (http://apod.nasa.gov/apod/image/sunrise_apollo.gif)
A felicidade é um estado de alma, não carece de bens materiais, não requer formalidades. Sente-se no clamor das cidades, nos pormenores infinitesimais, no doce silêncio da calma. As cores de um pôr-do-sol estival, a visão de um raro eclipse lunar, o fulgor de uma estrela brilhante… É alegria contagiante, um fugaz momento de encantar, uma sensação de plenitude total. É emoção de simples abraço, paladar de exótica iguaria, extravagante essência de violetas. É picante de tabasco e malaguetas, vibrante orgasmo que eleva e extasia, é desenho de fino traço…
E agora vou à rua, ver a lua que se eclipsa!
Imagem: Eclipse Lunar (www.nomad4ever.com/wp-content/uploads/2007/08/lunar_eclipse_as_seen_from_earth.jpg )
Sólidos poliédricos tangíveis, ou meros hologramas inventados, cheios de denso mistério e de absoluta certeza, massa descomunal e assombrosa leveza, somos materiais inacabados, mentes inquietas e raciocínios incríveis. Somos seres espantosos, capazes de maravilhosas abstracções, complexos e fabulosos, cheios de sonhos e ilusões. Dos medos libertados, viajamos pelos céus nebulosos, construindo mundos imaginados. Resolvemos questões, quebramos barreiras, cruzamos fronteiras, arranjamos soluções. Fugindo aos limites da natureza, desenhamos imagens magníficas, visões dolorosas e terríficas ou cheias de cor e beleza. Somos emoção desregrada, inteligência e instinto, matemática pura ou bebedeira de absinto, introspecção concentrada. Somos deuses e demónios, sinapses e axónios, fibra e carne ensanguentada. Somos carrascos e juízes, réus, suspeitos e arguidos, umas vezes mortalmente feridos, outras… Imensamente felizes!
Vídeo: In The End (Linkin Park) (www.youtube.com/watch?v=aZp2jAdBu1o)
Desvaneço-me nas etéreas luminâncias do arco-celeste, sou pingo de orvalho matinal sobre os ramos da árvore despida, desejo crescente, hino à vida, brisa cálida ou vento agreste. Sou sombra desenhada no solo duro, luz irradiante e treva profunda, chuva intensa que tudo inunda, odor corrupto ou ar fresco e puro. Sou embriaguez e sobriedade, sinto a vida a pulsar nas artérias, conjunto de alegrias e misérias, frio calculismo e natural espontaneidade. Sou certeza e contradição, verdade absoluta ou devaneio insano. Sou simplesmente humano, feito de veemente emotividade e de metódica razão…
Imagem: Orvalho (www.moocaonline.com.br/plano_de_fundo/novas/orvalho.jpg)
Procurar é o nosso destino
Na demanda vai-se crescendo
Constrói-se o saber, vivendo
A estagnação é desatino
Na descoberta reside o prazer
A vida só assim sabe bem
Não valeria nada, nem um vintém
Sem este caminho a percorrer
Há uma qualidade estranha nesse lugar, uma ambiência excepcional, uma beleza surreal, dificílima de conceber e impossível de explicar. Podia ser um sítio vulgar, bom para se viver uma vida simples e normal. Lá, a vida sabe a sal, é amena e cheira a maresia. Tem um toque de magia e revela-se fabulosa. Lá, não há nenhum mal, nada pode ser fatal. Existência harmoniosa, plena de tudo, nada vazia. Nesse lugar de sentidos em orgia, passo parte do tempo que passa. Retiro a sufocante mordaça, faço do sonho, realidade. Dando largas à minha alegria, em assomos de rebeldia, refuto a fria verdade. Desfaço-me da carapaça, elevo-me como fumaça, demudo-me em energia, abandono a face sombria, desligo-me da matéria e olvido qualquer desgraça. Desatando o nó que embaraça, torno-me consciência etérea, no delírio da Utopia…
Vídeo: Utopia – Video Proposal (Jackson and His Computer Band) (www.youtube.com/watch?v=7PKRsKNpteM)
Nos abismos da noite sem luz
Há um vento que sopra frio
Não evito o estranho arrepio
Ao escutar uma voz que seduz
Divindade etérea ou ser carnal?
Brada de dor, a mente
No corpo, um tremor infernal
Finjo-me destemido e valente
Quero saber quem é, afinal
Em vórtices de ar rarefeito
O vento sorri e dança
Alegre como uma criança
O coração pula no peito
Percebi quem clama assim
É vertigem desesperante
Fabulosa aventura sem fim
Viagem louca e alucinante
É a vida que chama por mim
Dinâmica nostalgia, que revira por dentro e faz renascer; tristeza cinzenta e absurda ou esfuziante alegria. Motor prodigioso, alimentado de sonhos, gerador de gritos abafados e de sorrisos rasgados, tectónica de placas em constante deriva, que faz fechar os olhos e sentir frio na barriga. É isto, viver: face séria e lábios risonhos, desejos agradados e cenários medonhos. Louca roda em giro permanente, incrível de celeridade, fascinante e pungente, ruidosa e melífera. Correria desenfreada ou meditação profunda, êxtase iminente ou impassibilidade soporífera. Necessidade premente que flúi e tudo inunda, ou satisfação silenciosa. Rouca cacofonia ou melodia maviosa. Trilho indefinido por onde andamos errantes, eivados de pensamentos abafados ou de raciocínios brilhantes. É isto, viver: amar e rir, sentir e sofrer, vibrar ou tremer… É a imperecível busca do ser…
E eu, poeira das estrelas, animado pelo sopro da vida, sou prisma, sou difracção. Sou realidade, sou pensamento, sou ilusão. Sou átomo de energia, sou a espuma do Universo, a energia feita matéria. Sou química e biologia, sou tristeza e alegria, estátua sólida e imagem etérea. Sou nada e sou tudo, sou rastejante e elevado. Sou cruel e complacente, criador e indiferente, uniforme e alterado. Relampejar de emoções, espelho de racionalidade, alma complexa ou mente simples. Luz crua ou noite sombria, divagação de alguém ou abstracção vazia...
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