Terça-feira, 25 de Março de 2008

Retorno

                   

“Viajo pelos dias sem tempo, em vislumbres de eternidade, tendo no futuro um aliado, não esquecendo o passado, vou em busca da verdade. Sou diáfana duplicidade, pensamento etéreo e esfumado, imaginação de um simples momento, furacão destruidor e violento ou pacífica serenidade. Nunca havia viajado assim, sentado na nuvem que corre, em direcção ao infinito. Percebo a vida, calo o grito: antes de renascer, tudo morre… Às artérias, o sangue acorre, termina a ilusão, acaba-se o mito. (No espelho de quem sou vejo a imagem de mim.) Ao meu corpo regresso por fim; é a unificação que ocorre!”

V.A.D. em Retorno

Vídeo: Viagem da Mente (Place 8 – Kattoo) (www.youtube.com/watch?v=Lh-vrNMph9c)


publicado por V.A.D. às 02:17
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Domingo, 9 de Março de 2008

Sou...

                      

Ao fim da noite, sou silêncio e luz

Vento siroco, radiosa alvorada

Sou princípio e fim da estrada

Sou verbo que encanta e seduz

Audácia firme ou vã bravata

 

Rio de águas calmas, rugido de catarata

Intenso brilho, ténue reflexo de luar

Sou ilusão etérea, profundo mar

Sou poção que rejuvenesce ou mata

Símbolo cinzelado, audível fonema

 

Enigma complexo, solução de problema

Física de partículas, matemática pura

Sou esquisso de alguém, surreal pintura

Sou certeza absoluta ou irresolúvel dilema

Viagem sem revés, aventura perigosa

 

Fleuma indizível e agitação buliçosa

Sopro de vida, infalibilidade da morte

Sou azar profundo, amplíssima sorte

Sou vibração de corda, melopeia silenciosa

 

Humm…

Dia soalheiro, existência maravilhosa!

 

Imagem: Nascer do Sol (http://apod.nasa.gov/apod/image/sunrise_apollo.gif)

música: Sun Is Shining (Bob Marley)

publicado por V.A.D. às 02:24
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Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2008

Eclipse...?

A felicidade é um estado de alma, não carece de bens materiais, não requer formalidades. Sente-se no clamor das cidades, nos pormenores infinitesimais, no doce silêncio da calma. As cores de um pôr-do-sol estival, a visão de um raro eclipse lunar, o fulgor de uma estrela brilhante… É alegria contagiante, um fugaz momento de encantar, uma sensação de plenitude total. É emoção de simples abraço, paladar de exótica iguaria, extravagante essência de violetas. É picante de tabasco e malaguetas, vibrante orgasmo que eleva e extasia, é desenho de fino traço…

E agora vou à rua, ver a lua que se eclipsa!

Imagem: Eclipse Lunar (www.nomad4ever.com/wp-content/uploads/2007/08/lunar_eclipse_as_seen_from_earth.jpg )


publicado por V.A.D. às 03:05
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Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2008

Alternância

                  

Sólidos poliédricos tangíveis, ou meros hologramas inventados, cheios de denso mistério e de absoluta certeza, massa descomunal e assombrosa leveza, somos materiais inacabados, mentes inquietas e raciocínios incríveis. Somos seres espantosos, capazes de maravilhosas abstracções, complexos e fabulosos, cheios de sonhos e ilusões. Dos medos libertados, viajamos pelos céus nebulosos, construindo mundos imaginados. Resolvemos questões, quebramos barreiras, cruzamos fronteiras, arranjamos soluções. Fugindo aos limites da natureza, desenhamos imagens magníficas, visões dolorosas e terríficas ou cheias de cor e beleza. Somos emoção desregrada, inteligência e instinto, matemática pura ou bebedeira de absinto, introspecção concentrada. Somos deuses e demónios, sinapses e axónios, fibra e carne ensanguentada. Somos carrascos e juízes, réus, suspeitos e arguidos, umas vezes mortalmente feridos, outras… Imensamente felizes!

Vídeo: In The End (Linkin Park) (www.youtube.com/watch?v=aZp2jAdBu1o)


publicado por V.A.D. às 03:01
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Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008

Eu

                 

Desvaneço-me nas etéreas luminâncias do arco-celeste, sou pingo de orvalho matinal sobre os ramos da árvore despida, desejo crescente, hino à vida, brisa cálida ou vento agreste. Sou sombra desenhada no solo duro, luz irradiante e treva profunda, chuva intensa que tudo inunda, odor corrupto ou ar fresco e puro. Sou embriaguez e sobriedade, sinto a vida a pulsar nas artérias, conjunto de alegrias e misérias, frio calculismo e natural espontaneidade. Sou certeza e contradição, verdade absoluta ou devaneio insano. Sou simplesmente humano, feito de veemente emotividade e de metódica razão…

Imagem: Orvalho (www.moocaonline.com.br/plano_de_fundo/novas/orvalho.jpg)


publicado por V.A.D. às 03:12
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Sábado, 5 de Janeiro de 2008

Procura

Procurar é o nosso destino

Na demanda vai-se crescendo

Constrói-se o saber, vivendo

A estagnação é desatino

 

Na descoberta reside o prazer

A vida só assim sabe bem

Não valeria nada, nem um vintém

Sem este caminho a percorrer


publicado por V.A.D. às 03:00
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Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2007

Lugar

                 

Há uma qualidade estranha nesse lugar, uma ambiência excepcional, uma beleza surreal, dificílima de conceber e impossível de explicar. Podia ser um sítio vulgar, bom para se viver uma vida simples e normal. Lá, a vida sabe a sal, é amena e cheira a maresia. Tem um toque de magia e revela-se fabulosa. Lá, não há nenhum mal, nada pode ser fatal. Existência harmoniosa, plena de tudo, nada vazia. Nesse lugar de sentidos em orgia, passo parte do tempo que passa. Retiro a sufocante mordaça, faço do sonho, realidade. Dando largas à minha alegria, em assomos de rebeldia, refuto a fria verdade. Desfaço-me da carapaça, elevo-me como fumaça, demudo-me em energia, abandono a face sombria, desligo-me da matéria e olvido qualquer desgraça. Desatando o nó que embaraça, torno-me consciência etérea, no delírio da Utopia…

Vídeo: Utopia – Video Proposal (Jackson and His Computer Band) (www.youtube.com/watch?v=7PKRsKNpteM)


publicado por V.A.D. às 02:00
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Terça-feira, 6 de Novembro de 2007

Chamamento

Nos abismos da noite sem luz

Há um vento que sopra frio

Não evito o estranho arrepio

Ao escutar uma voz que seduz

Divindade etérea ou ser carnal?

Brada de dor, a mente

No corpo, um tremor infernal

Finjo-me destemido e valente

Quero saber quem é, afinal

 

Em vórtices de ar rarefeito

O vento sorri e dança

Alegre como uma criança

O coração pula no peito

Percebi quem clama assim

É vertigem desesperante

Fabulosa aventura sem fim

Viagem louca e alucinante

É a vida que chama por mim

 

Imagem: Chamamento (www.udel.edu/art/Faculty/Norsky/eleugif/eleus8.gif )
música: My Way (Frank Sinatra)

publicado por V.A.D. às 02:29
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Sexta-feira, 26 de Outubro de 2007

Poema de Viver

Dinâmica nostalgia, que revira por dentro e faz renascer; tristeza cinzenta e absurda ou esfuziante alegria. Motor prodigioso, alimentado de sonhos, gerador de gritos abafados e de sorrisos rasgados, tectónica de placas em constante deriva, que faz fechar os olhos e sentir frio na barriga. É isto, viver: face séria e lábios risonhos, desejos agradados e cenários medonhos. Louca roda em giro permanente, incrível de celeridade, fascinante e pungente, ruidosa e melífera. Correria desenfreada ou meditação profunda, êxtase iminente ou impassibilidade soporífera. Necessidade premente que flúi e tudo inunda, ou satisfação silenciosa. Rouca cacofonia ou melodia maviosa. Trilho indefinido por onde andamos errantes, eivados de pensamentos abafados ou de raciocínios brilhantes. É isto, viver: amar e rir, sentir e sofrer, vibrar ou tremer… É a imperecível busca do ser…

Imagem: A Grande Roda (original em www.monasette.com/blog/gallery/salthill/salthill_wheel.jpg)
música: Walk Of Life (Dire Straits)

publicado por V.A.D. às 02:01
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Quinta-feira, 29 de Março de 2007

Poema de Mim Próprio

E eu, poeira das estrelas, animado pelo sopro da vida, sou prisma, sou difracção. Sou realidade, sou pensamento, sou ilusão. Sou átomo de energia, sou a espuma do Universo, a energia feita matéria. Sou química e biologia, sou tristeza e alegria, estátua sólida e imagem etérea. Sou nada e sou tudo, sou rastejante e elevado. Sou cruel e complacente, criador e indiferente, uniforme e alterado. Relampejar de emoções, espelho de racionalidade, alma complexa ou mente simples. Luz crua ou noite sombria, divagação de alguém ou abstracção vazia...

música: Everybody's Got To Learn Sometimes (The Korgis)

publicado por V.A.D. às 01:50
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