Àquela hora metida madrugada adentro, a marginal fervilhava de automóveis, os seus ocupantes em perpétua deslocação num basto tempo de música, bebida e amigos. As curvas, a estreiteza das faixas de rodagem e os semáforos, daqueles que se ruborizam como que envergonhados pelas pressas, obrigavam a que a velocidade fosse reduzida. Tanto melhor. Assim podia observar os contornos esfumados de uma paisagem envolta pelo véu brumoso daquela agradável e morna noite de Outono. Em algumas enseadas lá em baixo, as ondas esmagavam-se de encontro à falésia, a luz dos candeeiros estilhaçando-se numa miríade de pontos, para se elevar até embeber o ar com um brilho amarelado e fantasmagórico. Abri os vidros e deixei que o cheiro mágico da maresia preenchesse todos os espaços do habitáculo. Deixei que penetrasse os meus pulmões e me purificasse a mente. Há algo de extraordinário no aroma a sal e algas; talvez faça vir ao de cima memórias de épocas remotas, gravadas profunda e indistintamente nos genes, que me asseguram que o mar foi o útero no qual toda a vida teve origem…
Imagem: Marginal
Música: Rádio Marginal (http://www.marginal.fm/)
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