“Por um momento, quando entrei, a sala foi-me estranha. A velha mobília, cuidadosamente tratada com óleo próprio para móveis, parecia estar exactamente como sempre a lembrara: o sofá no mesmo canto, o candeeiro de pé ladeando-o e as almofadas, bordadas à mão com motivos florais, distribuindo-se sobre ele de forma ordeira. Os livros na estante dir-se-iam intocados durante a minha ausência e o pequeno mapa-mundi, cuidadosamente emoldurado, permanecia estático na parede alva, para me fazer recordar os nomes e as bandeiras dos países, a geografia política teimando em resistir às alterações de um passado recente, guardando os conhecimentos que o meu falecido avô fazia questão de partilhar. Julguei-me atracar no cais abrigado e acolhedor de uma prodigiosa ilha, isolada do tempo, imune ao bulício erosivo do oceano da vida moderna, em permanente frenesi. Olhei para a janela envidraçada, por onde penetravam os últimos raios de sol daquele límpido dia de Inverno, emprestando ao ambiente uma suavidade que me enternecia e comovi-me. Há coisas que parecem não mudar…”
V.A.D. em Imutabilidade.
Imagem: Sala (original em www.lakechamplainsummer.com/livingroom2%20%20SEwebblur.jpg)
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