A única instiruição que não se desintegrou juntamente com o Império Romano do Ocidente foi Igreja Católica, que acaba por vir a ter uma enorme influência sobre a vida, o pensamento e o comportamento do homem medieval. Responsável pela protecção espiritual da sociedade, mantém o que resta da força intelectual, especialmente através da vida monástica. Contudo, perdido o acesso aos tratados científicos originais da antiguidade clássica, as traduções em latim dessas obras, por vezes deturpadas, eram guardadas nos mosteiros, onde os religiosos viviam numa atmosfera que privilegiava a fé em detrimento das questões científicas. A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam, e era predominantemente religiosa e militar. Aprendia-se latim, doutrina católica e tácticas de guerra. A esmagadora maioria da população medieval era analfabeta e não tinha acesso aos livros, raros e copiados manualmente. A arte medieval foi assim fortemente marcada pela religiosidade da época, dado que as pinturas e os vitrais das igrejas eram, em conjunto com os sermões, uma das poucas formas de transmitir ao povo os ensinamentos religiosos.
Aproveito este post para recomendar um romance magistral de Umberto Eco, O Nome da Rosa, que viria a servir de base a um filme homónimo.
Imagem: O Rei David (Catedral de Canterbury, Kent, Grã-Bretanha) (www.historiadaarte.com.br/imagens/vitral.jpg)
Chamamos Idade Média ao período de um milénio que se estendeu desde meados do século V até meados do século XV. Começa com as invasões dos Bárbaros e a consequente queda do Império Romano do Ocidente em 476, e termina com a conquista de Constantinopla (inicialmente designada Bizâncio, e actualmente chamada de Istambul) pelos Turcos Otomanos em 1453, pondo fim ao Império Bizantino (também conhecido como Império Romano do Oriente), último baluarte do outrora poderoso e vasto Império Romano. Estes dez séculos de transição presenciaram a agonia do mundo antigo e o nascimento da Europa. No seu decurso, a maior parte das nações modernas tinha tomado forma, alicerçadas por um passado histórico feito de lutas pelo poder.
A queda do Império Romano do Ocidente trouxe com ela o fim da Pax Romana, e parte substâncial da população do defunto império migrou para o campo, onde se sentia mais segura. A moeda perdeu valor, e os impostos deixaram de alimentar abundantemente os cofres do Estado. Este, enquanto organização política e social forte e centralizadora, desmoronou-se e deixou de poder garantir a segurança dos cidadãos, e os grandes proprietários, aproveitando este vazio, concentraram nas suas mãos todos os poderes, jurídico, económico e político. Erigiram fortalezas e criaram exércitos privados. Nascia o feudalismo, e o senhor feudal tinha apenas que se manter leal ao seu Rei.
Imagem: Castelo Medieval (http://i1.trekearth.com/photos/2912/middle_age_entrance.jpg)
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