"Em sonos inquietos, na escuridão nocturna do quarto, falou em voz alta por diversas vezes, o delírio febril manifestando-se em palavras desconexas, os suores febricitantes encharcando-lhe o cabelo, o coração batendo violenta e desconformemente num surdo matraquear de aflição, o centro de controlo de temperatura do hipotálamo reagindo aos agentes pirógenos segregados pelas células numa resposta à agressão de minúsculos atacantes. A sua mente clamava por algo ou por alguém, estendendo-se, informe e sofrida, através de abismos hadeanos, os bafejos ardentes da pirexia calcinando a fina crosta da congruência num frenesi absurdo e desarmonizado, a agitação e os tremores fatigando até que a quietude estática do esgotamento se sobrepôs num definitivo sossego. A manhã chegou cedo, o sol refulgente entrando pela persiana entreaberta, iluminava metade da divisão, a suavidade morna da luz tirando-lhe a vontade de sair daquele estado letárgico. Por diversas vezes deixou-se escorregar para a tepidez do sono, até a luminosidade exercer sobre si a obrigatória instância do despertar. Entreabriu os olhos e deixou-se ficar imóvel por um momento, contemplando a alvura do tecto e a faixa de claridade que invadia a sua vida…"
V.A.D. em Febre
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