“Sinto sobre os ombros o peso dos séculos, feéricos rendilhados de noções abstractas espraiando-se na mente, a areia fina e já sem brilho de ideias outrora coerentes rangendo sob os pés de mil corpos possuídos. Fadiga maldita…! Cansaço desfeito numa massa pegajosa e informe a escorrer por mim abaixo, a vontade exaurida desabando no arruinamento infecundo de um tempo que nada significa. Nascido noutro lugar que não este onde prosperou, o pensamento reclama a radícula perdida no fosso de parsecs, a origem distante e antanha teimando numa vindicação infindável. Quero ser capaz de galgar as barreiras do espaço e regressar à quentura do sol mais branco, esta luz ofendendo a vista é amarela demais e ensandece os sentidos! Nunca me habituei a este ar, a densidade que não envenena o sangue parece atordoar o encéfalo que não me pertence e sinto-me um estranho na desconformidade de um mundo que não é o meu, o pasmo de dias passados trocado pela ânsia incorpórea ainda por esquecer… Não sou daqui, a identidade em dissonância gritando desapego, a essência etérea ambicionando autonomia…
- Pobre diabo, a demência fá-lo julgar-se alienígena…”
V.A.D. em Estranho
Imagem: Estranho (www.irtc.org/ftp/pub/stills/1999-06-30/strange.jpg)
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