"[ ] Nuvens e névoa envolveram-me, estrelas agitadas e brilho de relâmpagos impeliram-me e pressionaram-me adiante, enquanto ventos davam assistência ao meu vôo, acelerando o meu progresso. Eles elevaram-me no alto, ao céu."
Excerto de "O livro de Enoch"
"No céu ele viu Indra, esplendidamente vestido em mantos livres de qualquer partícula de poeira, seu corpo brilhando como o sol ou o fogo, sobre uma carruagem esplêndida, seguido por todos os celestiais e inúmeros sábios de grande alma como ele próprio, que serviam como sua escolta. [ ] Aquele carro aéreo, que brilhava como o sol nascente e, luminoso como disco da lua, se assemelhava a uma massa de nuvens brancas."
Excerto de "O Ramayana"
"O céu que tu vês acima é Infinito. ( ) Os seus limites não podem ser averiguados. O Sol e a Lua não podem ver, acima ou abaixo, além dos limites de seus próprios raios. Lá, onde os raios do Sol e da Lua não podem alcançar, há corpos luminosos que são autorefulgentes e que possuem um esplendor como aquele do Sol. ( ) Possuidores de esplendor célebre, mesmo estes últimos não vêem os limites do firmamento por causa da inacessibilidade e infinitude daqueles limites. Este Espaço, o qual os próprios deuses não podem medir, está repleto de mundos resplandecentes e auto-luminosos."
Excerto do Mahabharata
“O tempo não tem significância, nem tão-pouco o espaço, a não ser quando para um ou para ambos acontece a apreciação do pensamento. E esse prossegue continuadamente, conquanto a vigília aparte a mente dos oblívios profundos de um sono sem sonhos, jogos de luz e fulgurantes sons arquitectando o entendimento, o sentir convertido em imagem, a diáfana essência da verdade sendo tocada ao de leve…”
V.A.D. em Algures
Vídeo: Mind Games (John Lennon) (http://www.youtube.com/watch?v=8dHUfy_YBps)
A recente descoberta de aminoácidos nas nuvens de poeira das profundidades do espaço é um sinal de que a prodigiosa química da vida pode não ser tão rara quanto pensávamos, os seus tijolos básicos estando disponíveis em lugares inusitados, sementes aguardando um local propício ao desenvolvimento, órbitas descentradas, cometas ou meteoritos caindo sobre planetas hospitaleiros arremedando a mão do semeador. Começámos ainda agora a procura de vida noutros planetas. Descartando o projecto SETI, cujo intuito é a busca de inteligência extraterrestre, só há muito pouco tempo foram lançadas missões, a planetas do nosso sistema solar, com verdadeiras hipóteses de fornecer resultados esclarecedores. A odisseia espacial está a dar os primeiros passos; exige-se paciência e fundos. A recente descoberta de inúmeros exoplanetas representa a certeza de que outros sistemas planetários são uma realidade, dando-nos a esperança de que algum deles abrigue vida. As probabilidades de a encontrarmos são pequenas mas, sob o meu ponto de vista, não podem nem devem ser postas de parte. Porque acredito que, tal como o sonho, a busca deve ser uma constante da vida…
Vídeo: Exoplaneta em Zona Habitável (www.youtube.com/watch?v=5w7NUsBcgyw&NR=1)
Mesmo viajando a velocidades próximas às da luz, uma nave espacial gastaria quase dez anos numa viagem de ida e volta à estrela mais próxima. Se a duração desta jornada parece longa, a realidade mostra-se bem mais desanimadora. As velocidades exigidas pela aventura interestelar são humilhantes para os portentosos veículos actuais, maravilhas do engenho humano: impulsionados quimicamente, eles levariam cinquenta milhares de anos a atingir a Proxima Centauri. Contudo, se dispõe de um ainda precário arsenal espacial, a espécie humana conta com uma grande arma: a imaginação, impulsionadora dos mais incríveis avanços tecnológicos. Já somos capazes de vislumbrar algumas maneiras de realizar o velho sonho de alcançar as estrelas. A rigor, os entraves que persistem são meros problemas de engenharia. Usando fusão, fissão, antimatéria, laser ou iões como propulsão, conseguiremos seguramente enviar uma nave para além do nosso sistema solar. Resta saber quando. E há também outra questão: será relevante fazê-lo?
Imagem: Insígnia (www.colonization.biz/me/pics/sunshipc.jpg)
A dificuldade sentida no entendimento da estrutura infinitesimal do espaço-tempo levou alguns teóricos a virarem-se para um campo inesperado: a física da matéria condensada, o estudo de substâncias comuns, como cristais ou líquidos, e das suas interacções em sistemas de grandes dimensões. Tal como o espaço-tempo, a matéria condensada é vista como um continuum, quando observada em grandes escalas, mas, ao contrário do espaço-tempo, tem uma estrutura microscópica bem conhecida, governada pela mecânica quântica. Além disso, a propagação do som num fluido em movimento é análoga à propagação da luz num espaço-tempo encurvado. Alguns trabalhos têm sugerido a possibilidade de que o espaço-tempo é constituído por grânulos, tal como um fluido é feito de incontáveis moléculas. Isto pode significar que, para distâncias extremamente curtas, o espaço-tempo pode manifestar características governadas por leis que não cabem no âmbito da relatividade. Teria Aristóteles razão, quando defendia a tese de que a Natureza abomina o vazio absoluto? O conceito de que a própria estrutura do Universo é feita de uma espécie de matéria-energia aglomerada em pacotes discretos vai ganhando um peso cada vez maior, fazendo crer que a relatividade é uma mera aproximação bem sucedida a uma teoria da Natureza bem mais profunda e unificadora.
Imagem: Espaço-Tempo (www.unpronounceable.com/graphics/raytraces/spacetime3.jpg)
Quando Albert Einstein publicou a sua teoria da relatividade restrita, em 1905, rejeitou liminarmente a ideia, em vigor até ao século XIX, segundo a qual a luz se propagaria no espaço sideral através da vibração de uma hipotética substância, o éter. Em vez disso, argumentou, as ondas de luz podem viajar no vácuo sem serem suportadas por qualquer material, ao contrário das ondas sonoras, que são vibrações do meio no qual se propagam. Este postulado é intocado nos outros dois pilares da física moderna, a relatividade geral e a mecânica quântica. Até aos dias de hoje, todos os dados experimentais, em escalas que vão desde o sub-nuclear até aos anos-luz, são explicados com êxito por estas três teorias. No entanto, os físicos enfrentam um profundo problema conceptual. Conforme compreendidas actualmente, a relatividade e a mecânica quântica são incompatíveis. A acção da gravidade, atribuída ao encurvamento do espaço-tempo pela presença de um corpo massivo, tem teimosamente recusado um enquadramento na teoria quântica. Os teóricos têm feito apenas pequenos progressos no sentido de entender a estrutura do espaço-tempo, altamente encurvada, que a mecânica quântica os faz crer existir em distâncias extremamente curtas. Haverá uma solução para este problema?
Imagem: Onda (www.maretec.mohid.com/Estuarios/Inicio/Mohid2000_files/image020.gif)
O que mais impressiona os sonhadores terrestres é o programa espacial de voos pilotados. Em Abril de 1961, os soviéticos tornaram-se os primeiros a colocar um homem no espaço. A honra coube a Yuri Gagarin, que num voo de 108 minutos circundou a Terra. Semanas mais tarde, os americanos empataram a corrida, com Alan Shepard a fazer um voo sub-orbital. Seguiram-se tripulações de dois e três homens, mas, afinal, o programa Apollo dos EUA conquistou a atenção mundial e deu a liderança a este país na exploração espacial. Iniciada por John Kennedy em 1961, esta aventura necessitaria de oito anos para transportar até à Lua o primeiro dos doze astronautas que pisaram solo extra-terrestre. A epopeia continua, com alguns reveses e atrasos, mas o sonho não acaba. “Não se pode pensar em parar”, escreveu, em 1932, Robert Goddard a H.G.Wells, “pois o objectivo de chegar às estrelas, tanto literal como figurativamente, é uma tarefa para gerações. De maneira que, não importa quantos passos se tenham dado, tem-se sempre a impressão de estar apenas no começo.”
Imagem: Descolagem da Apollo 11(http://earthobservatory.nasa.gov/Library/Giants/vonBraun/Images/apollo_11_launch.jpg)
Foi com o desenvolvimento dos mísseis balísticos de longo alcance, a partir dos foguetes V-2 alemães, que se deram os primeiros passos significativos no sentido de tornar realidade o sonho dos voos espaciais. Ao aperfeiçoar estas tecnologias da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética construíram armas que podiam viajar à velocidade de 30000 quilómetros por hora, necessária para escapar à atracção gravítica terrestre. Em meados da década de 1950, Werner Von Braun, que havia desenvolvido as V-2 e, após o conflito, tinha ido para os EUA, estava convencido de que um satélite artificial poderia orbitar a Terra. Sergei Korolev, chefe do programa de desenvolvimento de foguetes da URSS, concordava com essa opinião. A corrida espacial começou no dia 4 de Outubro de 1957, quando os soviéticos lançaram o primeiro satélite da história, o Sputnik-1. Mais uns poucos meses e lançariam a cadela Laika para o espaço, num laboratório científico automático: o Sputnik-2. Os EUA lançaram o seu primeiro satélite em 31 de Janeiro de 1958 e chamava-se Explorer-1. Para a realização destes voos, os dois países usaram mísseis balísticos modificados. Nas duas décadas seguintes, aprendeu-se mais sobre a Lua e nosso Sistema Solar do que todo o conhecimento que até então se tinha conseguido acumular, durante toda a história da astronomia. Os dois países enviaram naves a Vénus e a Marte. Além disso, os EUA realizaram um voo pelas proximidades de Mercúrio, pousaram laboratórios automáticos em Marte e as suas naves automáticas fizeram passagens rasantes sobre Júpiter e Saturno.
Imagem: V-2 (www.mda.mil/mdalink/bcmt/images/images_lg/v-2.jpg)
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