Aquilo a que comummente se chama de acaso não passa de uma medida da ignorância, a disfarçada incapacidade de apreensão de todos os pormenores obrigando ao uso de um termo inadequado, a inabilidade de descortinar todas as cenas da peça levando à inadmissível exclusão do princípio de causalidade, a impossibilidade de reter cada um dos incontáveis eventos tornando indefinido cada um dos futuros possíveis, a mente sendo incapaz de abranger as infinitas variáveis de um Universo em permanente mutação. Algures, no mundo que partilhamos com Edward Lorenz, uma borboleta abandona uma flor, os subtis vórtices sob as suas frágeis asas gerando imperceptíveis correntes de ar, um pequeníssimo distúrbio da condição inicial trazendo consequências insólitas a milhares de quilómetros e duas semanas de espaço-tempo, o sistema físico onde vivemos apresentando-se-nos definitivamente como não-linear. Existem causas para tudo mas, quando multiplicadas numa figuração ainda que apenas aproximada à realidade, obtém-se uma caótica complexidade da qual será difícil extrair sentido aparente… Será mesmo assim? O caos pode ser assimilado e compreendido, a matemática revelando-se a derradeira ferramenta do conhecimento, a ciência da desordem estudando o comportamento aleatório, modelando-o e afirmando que, embora ocorram anomalias intrincadas, nem a casualidade escapa cabalmente às leis da Natureza…
Vídeo: Atractores Estranhos: Ordem no Caos (www.youtube.com/watch?v=SGWgCffiW4c)
Música: Mira Verra Qui a Virtus – Vision Leads to Virtue (Whisper Of The Garden)
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