Queria descer os abismos do passado e retornar à alvorada dos tempos. Queria voar sobre o incandescente oceano de magma, aquecido pela fornalha radioactiva alimentada pelos elementos pesados, gerados há incontáveis evos no interior de supernovas nunca vislumbradas. Queria assistir à formidável chuva de meteoritos, qual fogo de artifício a riscar céus negros como breu, e presenciar os eventos cataclísmicos resultantes de tal portentoso espectáculo. Queria maravilhar-me com a desolação hadeana e assistir à dança rodopiante dos pedaços de Terra fazendo a Lua. Queria olhar directamente para o jovem Sol, ainda pálido e sem forças, e sentir na pele a feroz força da radiação crua. Queria sentir nos meus pulmões, por breves segundos, a estranha mistura de gases que compunham aquela atmosfera nova, de cor laranja, onde cada vez mais nuvens carregadas de água iam largando dilúvios. Queria ver o nascimento dos primeiros rios, sobre os primevos basaltos… Queria viajar no tempo e ver…
Imagem: Hadeano (http://www2.uol.com.br/sciam/imagens/materia/abre_terra.jpg)
Embora o hidrogénio seja o elemento mais comum no Universo, bem como no Sol e na nuvem que deu origem ao sistema solar, ele foi, em grande parte, varrido das cercanias da nossa estrela; consequentemente, os planetas terrestres são formados quase inteiramente pelos elementos restantes. Até mesmo a Terra é composta de elementos que perfazem menos de 1% da composição da nuvem primordial, retendo apenas uma fracção ínfima do seu hidrogénio original. A maior parte deste elemento encontra-se combinado com o oxigénio, formando a camada de água que domina o nosso planeta. Além de possuir água, a nossa pequena “casa” rochosa possui uma atmosfera rica em oxigénio. Estas características estão inter-relacionadas e dependem da nossa posição no Sistema Solar: a relativa proximidade em relação à nossa estrela fez da Terra um planeta rochoso; o exacto diâmetro da órbita terrestre determina a natureza da nossa atmosfera e dos oceanos. Para a origem da vida, a abundância de água em estado líquido e o equilíbrio da atmosfera foram de fundamental importância. A manutenção à superfície de temperaturas entre os pontos de ebulição e congelamento da água, graças à localização privilegiada do nosso planeta, é condição essencial para a existência da vida tal como a conhecemos.
Imagem: Terrania (www.xr.pro.br/SOLARNIATERRANIA/TERRANIATHUMB.JPG)
Uma das grandes maravilhas do Universo é a existência de vida no planeta Terra. Deve-se esse facto apenas a um feliz acaso, constituindo um evento singular em todo o Cosmos, ou será a vida o produto de uma correcta combinação de factores – temperatura certa, quantidade adequada de radiação e presença de determinadas substâncias químicas? Podemos encontrar uma pista para a solução desse enigma ao tentar reconstituir as prováveis condições do nosso planeta, quando surgiram as primeiras formas de vida. A formação dos planetas deu-se a partir da nuvem de gás e poeira em contracção, que também deu origem ao Sol e aos demais astros do sistema. Na génese planetária concorriam duas forças opostas: de um lado, a atracção gravítica tendia a juntar aglomerados de matéria; de outro, a radiação cada vez mais intensa emanada da jovem estrela, situada no centro da nuvem, agia no sentido de quebrar esses aglomerados, fazendo com que os elementos mais leves mais leves e mais voláteis fossem vaporizados e lançados no espaço. O parâmetro crítico era a distância de cada protoplaneta em relação ao Sol. Quanto mais perto estivesse, mais sujeito estaria ao intenso calor solar, e mais facilmente ocorreria a volatilização e perda dos elementos mais leves. Os quatro planetas mais próximos da nossa estrela, Mercúrio, Vénus, Terra e Marte, são chamados de planetas terrestres por serem todos esferas sólidas e rochosas, envoltas em ténues camadas gasosas. A distâncias maiores, a radiação recebida era menor e os elementos mais leves tinham condições de se juntar e formar compostos gasosos que se manteriam agregados pela acção da gravidade. Desta forma, foi possível a formação dos quatro planetas gigantes – Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno – constituídos quase inteiramente de gases envolvendo um pequeno núcleo rochoso.
Imagem: Disco Protoplanetário (www.genciencia.com/images/20060406_protoplanetas_pulsar.jpeg)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Hadeano
. Blogs
. Abrupto
. Feelings
. Emanuela
. Sibila
. Reflexão
. TNT
. Lazy Cat
. Catinu
. Marisol
. A Túlipa
. Trapézio
. Pérola
. B612
. Emanuela
. Tibéu
. Links
. NASA