Há oito mil anos, os povos agricultores que habitavam a actual Jordânia, no Médio Oriente, não conheciam ainda a arte da cerâmica. Mas tinham ideias complexas e eram hábeis. Sabiam tecer um pano rudimentar e com ele amarravam talos e folhas de plantas para servirem de base a grandes estátuas de gesso. Com quase um metro de altura, essas figuras resistiram aos milénios e são notáveis exemplos de representação simbólica, criadas por uma das primeiras comunidade sedentárias da história da humanidade. Pensa-se que elas estavam associadas a uma forma simples de fé, um culto primitivo baseado nos mistérios da morte. É importante compreender os muitos rituais ligados à ideia da vida após a vida, da fertilidade e das relações entre o homem e a terra, tão disseminados entre os povos dessa fase da evolução cultural humana, para podermos entender o percurso social da nossa espécie.
Imagem: Estátuas do Neolítico - Jordânia (www.whitman.edu/anthropology/images/rollefson/Statues%2085-a.jpg)
"Escondidos sob frondosos montados de azinheiras e sobreiros, ou espreitando por cima de campos de seara, mais de meio milhar de antas e uma vintena de menires guardam as lendas, os sonhos e as angústias das primeiras comunidades de pastores e agricultores, que há mais de cinco mil anos os ergueram"
Os megálitos (do grego mega, grande, e lithos, pedra), apesar do seu nome, não englobam somente enormes construções de pedra, mas também edifícios de pedra e terra ou de madeira e terra, denominadas megaxylon. Foram construídos com diversas formas: circulares, como túmulos rectangulares alongados com câmaras sepulcrais, as antas, em círculos de pedra ou madeira, chamados cromeleques, e também assumindo a forma de enormes pedras fincadas verticalmente no terreno, conhecidas por menires. A construção de grutas artificiais (tholoi), ou a utilização de grutas naturais para a concretização de cultos funerários é também uma característica deste fenómeno cultural do período Neolítico. Na Europa, os megálitos mais antigos datam do quinto milénio A.C., e a sua natureza é difícil de definir. Ainda se discute se o megalitismo tinha conexão apenas com o culto dos mortos, ou se implicava também alguma crença no além, ou se representaria alguma forma de religiosidade baseada na Natureza e na astronomia. De qualquer maneira, dele comungaram culturas amplamente separadas no espaço e tendo, de resto, bem pouco em comum. A cultura campaniforme, por exemplo, que construiu os megálitos da Europa Central, era desconhecida nas regiões ocidentais do continente onde, nessa mesma época, estavam em desenvolvimento outras culturas megalíticas. O megalitismo espalhou-se muito rapidamente, o que demonstra que na altura as comunicações entre grupos humanos eram mais dinâmicas do que se julgava possível até há um tempo atrás. Das ilhas do Mediterrâneo, da península Ibérica e da França, alcançou as Ilhas Britânicas, e difundiu-se para o leste, a partir do seu centro atlântico. Se se tratou da simples difusão de uma ideologia ou se, para além disso, comportou também movimentos de populações, é uma questão que ainda espera resposta.
Imagem: Stonehenge (http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod/image/0606/stonehenge_strasser_big.jpg)
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