“A casa, grande e quase vazia, estava embrulhada na obscuridade das persianas fechadas, um cheiro mofento e abafadiço de velhice aflorando das paredes nuas e descaracterizadas. Escutava-se o ténue rumorejo das carícias do vento nas janelas e o estalejar das grossas traves do tecto, a madeira cedendo em reacção às pequenas mas sensíveis variações de temperatura resultantes da frescura do ar, renovado pela porta que havia deixado aberta. Estremeci, ao ouvir os seus passos arrastados e o bater cadenciado da bengala no sobrado. Da penumbra, destacou-se um rosto branco, as rugas de muitos anos criando desfiladeiros na pele fina e seca como papel, um sorriso franco assomando-lhe nos lábios finos e o brilho dos olhos ofuscando de tanta vivacidade. - Siga-me, por favor. Dirigimo-nos aos degraus e desci-os com cuidado, a mão ao longo do corrimão, guiando-me até à cave onde uma profunda escuridão nos aguardava, agachando-se pelos cantos, como predadores emboscados. Devagar, à medida que o olhar se adaptava, os falazes animais iam tomando a forma de cadeirões e armários. A meio da divisão, sobre uma mesa rústica, um estranho artefacto emitia uma ténue luz, de um azul fantasmagórico…”
V.A.D. em Artefacto
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