Quarta-feira, 14 de Maio de 2008

Tarde Demais (III)

“Uma luz intensa e branca brilhava sobre metade da superfície da nave, a outra metade permanecendo na sombra e nos pálidos reflexos azul-esverdeados do planeta lá em baixo, a elevada altitude dando ao seu ocupante uma visão extraordinária de continentes e mares, encobertos aqui e ali por uma alva e pouco espessa camada de vapor de água, a ténue atmosfera erguendo-se algumas dezenas de quilómetros acima do horizonte. O computador quântico havia decidido ser aquele um destino aceitável, a análise espectrográfica indicando um mundo telúrico feito de silicatos, ferro e outros metais pesados, a existência de água no estado líquido e oxigénio em abundância declarando que a vida certamente florescera ali, no terceiro orbe a contar do Sol. Tinha procedido às manobras necessárias, o veículo alinhando-se primeiro com o plano da eclíptica e depois descrevendo a trajectória que o levara à órbita geossíncrona. Cedera o comando; os procedimentos que haviam levado ao despertar do ser biológico que com ele viajava revelando ter sido bem sucedidos, as decisões cabendo agora ao cérebro que lentamente ia recuperando a lucidez, num caminho sinuoso através de raciocínios ainda desconexos mas cada vez mais coerentes: atravessara uma distância incomensurável, sentia a garganta seca e o estômago vazio. Uma moinha incomodativa pesava-lhe sobre a cabeça, deixando-o nauseado. Mas, acima de tudo, sentia-se vivo…”
V.A.D. em Tarde Demais
Imagem: Terra (www.sages.ac.uk/image_gallery/general/earth-space.jpg)

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Segunda-feira, 12 de Maio de 2008

Tarde Demais (II)

“A nave ia derivando num voo curvilíneo e sem rumo aparente, os impulsores bocejando frios e silenciosos no vazio, os sistemas de suporte de vida mantendo os parâmetros necessários à protecção do solitário tripulante que jazia em animação suspensa no interior de um envoltório hermético. A sua pele desnuda achava-se pejada de sensores ligados à interface cibernética, o cérebro artificial gerindo os cada vez mais parcos recursos, numa maquinal obediência aos programas habilmente desenvolvidos séculos atrás. A cada trinta minutos, o músculo cardíaco pulsava para irrigar de sangue oxigenado os tecidos do corpo arrefecido, a necrose sendo adiada por mais um breve intervalo de um tempo que se escoava irremediavelmente por entre o total alheamento da mente destituída de sonhos, a inconsciência mantendo-o afastado da terrível incerteza do que havia por vir. Tinha procurado, em vão, sinais de que a sua espécie pudesse ter encontrado forma de resistir à catástrofe. Restara-lhe a esperança de que pelo menos alguns o tivessem feito, a estrela de classificação espectral G2V a que chamavam Nanahuatl sendo o objectivo provável, a existência confirmada de uma sistema planetário e os pouco mais de oito anos-luz de distância fazendo dela um destino promissor. Antes de cruzar a órbita de Lalande C, marcara na mesa de navegação a trajectória elíptica até ao bordo interno do braço de Orion; nove décadas iriam suceder-se como se apenas um mês viesse a decorrer, o envelhecimento não passando de um conceito falho de invariabilidade …”
V.A.D. em Tarde Demais
Imagem: Lalande 21185 (www.exoplaneten.de/lalande/sonne_lalande3_t.jpg)

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Sexta-feira, 9 de Maio de 2008

Tarde Demais (I)

“Durante um ínfimo instante, por entre todos os silêncios incontidos, a luz arroxeada do crepúsculo uniu-se às tonalidades fortes do céu há muito sem nuvens, o sol prestes a ajoelhar-se por debaixo do mundo deixando a sua marca num instantâneo fotograma revelado pela retina. Viu-os como deviam ter sido nos últimos dias, arrastando-se nas sombras que se agigantavam, as bocas abertas num arquejo sufocante, os gemidos de autocomiseração abafados pela vagarosa inanidade dos seus próprios raciocínios. As montanhas estavam ali, negras como as trevas que se avizinhavam, a seca nudez dos penhascos eriçando-se em direcção às estrelas cegas, a planície adjacente, outrora fértil, apresentando-se austera na desalentada esterilidade da exaustão. E o vento soprava frio e frouxo, ainda assim chicoteando-lhe a face e os cabelos, varrendo os ossos acumulados no solo sem cor, as sucessivas gerações amontoando-se em maroiços de minerais sem vida que se iam lentamente transformando em poeira, os cometas murmurando impropérios no seu percurso rotineiro. Vagueou a noite inteira, até a escuridão ceder perante fulgor mórbido da anã branca rasgando a alvorada. Chegara tarde, demasiado tarde. Não havia mais ninguém, naquele planeta que o vira nascer…”
V.A.D. em Tarde Demais
Imagem: Crepúsculo (www.stevenbryant.com/blog/blogpix/malcesine_dawn_07_1.jpg)

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Segunda-feira, 5 de Maio de 2008

Estranha Estrela

“Incapaz de notar a indolência que se voltara a induzir, adormentei, flutuando na doçura serena da semi-obscuridade prenha de pensamentos gastos e renovados, tão absurdos e tão inconsequentes como os sonhos que iam nascendo, esmaecidos pela luz suave que penetrava pela janela, o estore ligeiramente subido negando as trevas e contrariando a espessura do sono vagaroso que insistia em apossar-se de mim…

O mundo orbitava em torno de uma estrela amarela do tipo G, a poucos anos-luz da periferia da Via Láctea, os crepúsculos tingidos a cores quentes gerando uma beleza indizível, a noite afigurando-se rara de estrelas, o profundo negrume do céu manchado apenas pela nitescência das nuvens de Magalhães e do distante braço da espiral, curvado como uma cimitarra sobre o núcleo galáctico. Apesar da nudez e do vento que sabia frio, sentia-me singularmente aconchegado, a noção de que havia retornado a casa insinuando-se-me intensa e segura como uma verdade intuída, da minha boca saindo frases que sabia conhecer mas de que não recordava o significado…

Despertei abruptamente, o sussurro suplicante da voz dela no meu ouvido implorando que acordasse, que a estava a amedrontar com as palavras pronunciadas numa língua desconhecida, que devia estar a ter um pesadelo estranho, pois sorria enquanto tremores espasmódicos me atravessavam o corpo num desconforme símile de êxtase, que os olhos abertos e fixos no nenhures a faziam julgar-me em algum delírio patológico. Virei-me para ela e beijei-a. Assegurei-lhe que tinha sido só um sonho sem nexo. Mas, teria sido apenas isso…?”

V.A.D. em Estranha Estrela

Imagem: Nuvens de Magalhães (www.astrosurf.com/antilhue/LMC55mmLRGB.jpg)


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Quarta-feira, 30 de Abril de 2008

Luz (II)

“Luzes piscaram, frenéticas, a advertência de que o gerador iria ser colocado no ralenti, conforme preestabelecido, tomando a forma de indicação visual. Apercebeu-se do abrandamento, o zumbido que se lhe instalara em todas as fibras diminuindo até à cessação completa, o silêncio emudecendo o frenesi dos parsecs galgados sem tempo, novamente a invulgar noção de se separar de um corpo que se tornava indistinto, a névoa refulgente afigurando-se-lhe aliviada dos vinte e um gramas de si próprio. Curta foi a separação, a unicidade manifestando-se imperativa logo que no visor principal as décimas desciam abaixo de nove, a apneia transformando-se num suspiro, diafragma e músculos intercostais relaxando-se controlada e conscientemente para evitar a vertigem da fusão. Derivava agora no pélago estrelado da noite espacial. Deixara atrás de si o Sol reduzido a um pequeno círculo luminoso que prescindira de ferir a vista, os instrumentos de medida confirmando os cálculos efectuados meses antes, as mais de vinte e três mil Unidades Astronómicas transitadas podendo ser inequivocamente lidas no mostrador apropriado. Ligou os foguetes de manobra, a trajectória sendo corrigida até de novo ter a estrela à sua frente e quedou-se, deixando que alguns minutos passassem, deslumbrando-se com a solidão negra que o envolvia. Recompunha-se, assimilando a magnitude do engenho humano, preparando-se para o salto que o levaria de novo a casa, a estação espacial em órbita da Terra representando o lar que escolhera.

Regressou, duzentos e setenta dias mais tarde, a tempo de assistir ao nascimento do seu filho, concebido na noite antes da partida. Para ele, menos de uma hora havia transcorrido… Conquistara o futuro, a máquina provando o inequívoco mas paradoxal entrelaçamento entre velocidade, espaço e tempo.”

V.A.D. em Luz

Imagem: Estação Espacial (http://www-cache.daz3d.com/store/item_file/3564/image_medium.jpg)


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Segunda-feira, 28 de Abril de 2008

Luz (I)

“Primeiro, um tremendo bramido fez-se sentir, o corpo estremecendo mais que os ouvidos percebendo o som, a liga metálica da nave insurgindo-se contra a violência a que as leis relativíssimas a submetiam, uma chispa estonteante desfazendo a escuridão do vazio, enchendo de uma fantasmagórica claridade azulada a exígua cabine onde se encontrava, a radiação fria unindo-se à lividez do seu rosto marcado pela temerosa estupefacção. Depois, a incompreensível sensação de se descorporizar, a matéria de que ele também era feito transfigurando-se numa incongruente sombra estendida atrás de si, cada átomo isolando-se dos outros, as moléculas desagregando-se num fulgor que parecia conter a luz das estrelas. Lentamente, à medida que a aceleração abrandava, a mente reuniu-se ao corpo, a integridade enquanto organismo manifestando-se num arquejo incontido, o oxigénio puro a metade da pressão à superfície da Terra sendo inspirado profunda e demoradamente num fôlego de vida reencenada. Olhou o ecrã de organic-led, 1c agigantando-se a vermelho sobre o fundo negro…! Por um instante construído de eternidade, todo o espaço condensou-se num só ponto, os mostradores do painel enlouquecendo, os dígitos sucedendo-se numa inacreditável cadência, a distância percorrida superando os limites da imaginação humana, o Universo contorcendo-se sobre si próprio para acomodar o trânsito da cápsula que nada mais era agora que energia…”

V.A.D. em Luz

Imagem: Luz (original em http://orbitingfrog.com/blog/wp-content/uploads/2007/07/opo9603a.thumbnail.jpg)


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Terça-feira, 22 de Abril de 2008

Sol Vermelho (X)

Epílogo

 

“Dormíamos pouco. A evolução não lhe havia cerceado o desejo; apenas pela madrugada permitíamo-nos ceder ao sono melifluamente exausto das noites repletas de descobertas e transbordantes de suores. Os dias eram preenchidos. Ocupava-me entre a universidade onde leccionava história arcaica e o instituto de tecnologia, os meus conhecimentos ajudando na empresa de construir um dispositivo que rompesse controladamente a cadeia temporal, o passado afigurando-se-lhes a única forma segura de escapar à morte pelo fogo estelar, o escudo de protecção na origem das minhas peripécias sendo agora uma ideia posta de parte.

Alguns anos depois, a máquina foi aprontada e voluntariámo-nos para a viagem experimental, a época que me havia visto nascer sendo o destino escolhido, a possibilidade de voltar a estar sob a amarela luz do Sol de meia-idade preenchendo os meus sonhos, ela sentindo uma imensa curiosidade acerca do meu mundo e da minha espécie. Desde então, temos passado muito do nosso tempo na velha Terra. Se, numa ocasião qualquer, sentirem que estão a ser vítimas de abdução, não temam. Os médicos pretendem apenas conhecer aprofundadamente o metabolismo dos seres humanos. Se alguma vez virem um veículo aéreo com a forma de disco, é verosímil que seja eu a pilotá-lo. Às vezes, por brincadeira, desenhamos símbolos nas searas, os jactos frios do sistema de propulsão dobrando o trigo ou o milho em padrões lindíssimos. Usando este mesmo método, talvez venha a mostrar-vos um retrato meu.”

V.A.D. em Sol Vermelho

Imagem: Retrato (original em www.greatdreams.com/crop/Chilboltonface.gif)


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Segunda-feira, 21 de Abril de 2008

Sol Vermelho (IX)

“Ela chegou, elegante e segura, o seu olhar cruzando-se com o meu, os sorrisos estampando-se nos nossos rostos numa demonstração de indiscutível cumplicidade, o abraço que lhe havia ensinado mostrando-nos a intensidade recíproca do afecto. Sentámo-nos sob a pequena árvore descendente das antigas palmeiras, o jardim do complexo habitacional onde agora vivia apresentando-se magnificamente cuidado pelos robots, o banco feito de uma espécie de espuma biológica moldando-se aos nossos corpos esguios e saudáveis, encostados enquanto contemplávamos silenciosamente o mar que se estendia sereno até ao horizonte, aquilo que fora o Atlântico fazendo parte do imenso oceano que rodeava de água o agora único continente do velho planeta. Observámos assim o crepúsculo, o sol vermelho enchendo de tonalidades quentes a atmosfera calma, o ar enchendo-se de coleópteros bioluminescentes num espectáculo que me fazia retornar à infância, os pirilampos parecendo ter encontrado o caminho para a continuidade da espécie. As nossas vidas haviam sido interligadas por circunstâncias inesperadas. Queria que esse entrelaçamento se aprofundasse e viesse a frutificar. Enchendo-me de audácia, virei-me para ela e coloquei-lhe enfim a questão que se insinuava há muito na minha mente e que havia calado tantas vezes. A resposta, imediata e calorosa, inundou-me de uma felicidade que chegara a supor estar-me irreversivelmente vedada…”

V.A.D. em Sol Vermelho

Imagem: Pirilampos (https://farm4.static.flickr.com/140/376367551_7a1b2ad16b.jpg)


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Domingo, 20 de Abril de 2008

Sol Vermelho (VIII)

“Começara a arrefecer. A brisa de norte ia soprando para longe o sufocante calor daquela tarde estival, a tricentésima octogésima terceira noite da minha vida resgatada aproximando-se ligeira para trazer consigo a efeméride, um ano nesta idosa Terra prestes a perfazer-se. Ao longo dos evos, a órbita planetária havia sido alongada, a ténue mas contínua pressão de mais de dois nanopascal, exercida pela torrente de protões e electrões vinda da coroa solar, resultara num sensível afastamento do planeta em relação ao sol, o vento solar alimentando a magnificência das auroras e acrescentando dezoito dias ao tempo necessário a uma revolução completa do astro em torno da estrela-mãe. Não que isso importasse muito. A longevidade do corpo onde a minha mente agora se albergava era medida em milénios, a perspectiva de ter tempo para me tornar um deles abrindo-se risonha perante mim, a oportunidade de lhes ensinar o que sou revelando-se ampla. Ela aprendera já a apreciar o vento na pele e a sentir o cheiro das estações, descobrira comigo a beleza do voo das aves ao crepúsculo, percebera entre os seus dedos a delicadeza das pétalas de uma flor e ia-se maravilhando cada vez mais intimamente com estes pequenos nadas, a emotividade abafada por incontáveis séculos de racionalidade despontando de forma arrebatadora. Partilhara comigo alguns dos segredos mais recônditos da Natureza, os conhecimentos adquiridos ao longo de um pedaço de eternidade fazendo-me sentir um rotundo indouto, os enigmas mais antigos desvendando-se numa simplicidade feita de lógica e coerência. Compartia comigo a sua vida, as minhas mágoas diluindo-se num sentimento que se consolidava, a minha entrega fazendo-se progressivamente. Nunca iria esquecer o passado, mas estava disposto a usufruir da existência…”

V.A.D. em Sol Vermelho

Imagem: Aurora Boreal (www.nossosaopaulo.com.br/images/Paisagem2007MAI_AuroraBoreal.jpg)


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Sábado, 19 de Abril de 2008

Sol Vermelho (VII)

“O choque quis destruir a minha sanidade, os pesadelos inundando-me como volutas negras e acres durante a noite, uma catalepsia agonizante enchendo os dias que se seguiram à revelação da verdade, a mente agachada refugiando-se no beco escuro e sombrio do desespero, encurralada por um fosso que se abria, profundo e horrendo, e que a separava do tempo a que pertencia por direito próprio. Sentia-me irremediavelmente perdido, um estranho entre a sua própria descendência, as incontáveis gerações apartando-me, enquanto indivíduo, da espécie que já não era a minha, arrancado fortuitamente a um passado a que me via impossibilitado de regressar, atirado para um futuro onde não encontrava raízes. As semanas escoavam-se por entre interrogatórios fastidiosos e intermináveis testes psicotécnicos, a desalentada monotonia sendo apenas diminuída ao crepúsculo quando os olhar da neurocirurgiã se afundava no meu, o pretexto de verificar a minha condição servindo para justificar as visitas diárias que se me iam aparentando cada vez mais pessoais que médicas. Aos poucos, via-me a aumentar a fluência numa linguagem cujos étimos me eram bem conhecidos, a comunicação tornando-se cada vez mais fácil e apetecida. Íamo-nos esquecendo do tempo, embalados em conversas que se prolongavam mais e mais, a negrura do céu, suavizada pelo vermelho do sol retirado, servindo muitas vezes como tecto, a estranha ausência de Selene não obstando a um enamoramento crescente. Pensei muitas vezes nos poetas desta singular época, a merencória luz da lua não podendo figurar nos seus escritos, a literatura, embora empobrecida, não deixando por isso de glorificar o amor que sempre pode despontar entre dois seres…”

V.A.D. em Sol Vermelho

Imagem: Sob o Céu (original em www.arthurdurkee.net/images/JTsunset5446w.jpg)


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