Os meteoritos são a única evidência física palpável que temos do Universo sem recorrer à astronáutica. Estas pedras caídas do firmamento permitem-nos estudar amostras de corpos celestes sem que tenhamos que os visitar para extraí-las. Embora tenham estado a chegar do Cosmos durante toda a história humana, a sua utilidade científica tardou muito a ser aproveitada. Durante os últimos anos, graças ao avanço extraordinário das técnicas de análise, todo o seu potencial está a começar a ser vislumbrado. Maiores que partículas, mas sem chegar a dimensões de rochas gigantes detectáveis a grandes distâncias, um amplo conjunto de meteoros circula pelo espaço. Uma parte deles resulta da fragmentação de corpos maiores, devido a colisões ou à erosão por causas térmicas ou de tensão estrutural provocada pelo Sol ou por outros astros próximos. Outros são constituídos pelo material original da construção planetária, que remonta aos alvores do sistema solar, representando por isso condensações planetárias que falharam. A maior parte destes objectos concentram-se na cintura de asteróides, entre Marte e Júpiter, na cintura de Kuiper, que se estende para lá de Neptuno e Plutão, e na nuvem de Oort, situada a cerca de 30000 U.A., e que se pode estender até cerca de 1 ano-luz de distância. A composição dos meteoritos oferece-nos pistas sobre a origem do sistema solar e pode ajudar-nos a compreender melhor o Universo.
Imagem: Meteororito (www.diomedes.com/meteorito.jpg)
Fonte: Espacio
O céu que vemos numa noite sem nuvens pouco difere do céu visto pelos sumérios, por Aristóteles ou Ptolomeu. Contudo, o nosso entendimento sobre as estrelas mudou muito desde esses tempos remotos. As estrelas deixaram de ser fogos celestiais ou luzinhas penduradas pelos deuses na abóbada celeste. São personagens num drama universal de nascimento, evolução, energia, estertor e morte, e seguem um guião a que chamamos leis da natureza.
As estrelas formam-se a partir de grandes nuvens interestelares de gás e poeira, que se contraem devidò à sua própria força gravítica, num processo lento que pode demorar milhões de anos, até à formação de uma proto-estrela, em cujo interior o aumento da pressão faz aumentar significativamente a temperatura. Se a massa da proto-estrela for inferior a 0,08 massas solares, não se atinge a temperatura necessária para iniciar a reacção termonuclear de fusão, e o corpo celeste passará a chamar-se anã castanha, irradiando ainda assim energia, por compressão gravitacional. Se, por outro lado, a proto-estrela tiver uma massa acima de um determinado valor crítico (aproximadamente 81 vezes a massa de Júpiter), a temperatura do seu núcleo atingirá vários milhões de graus e ocorre a fusão nuclear, cujo principal tipo é o de hidrogénio em hélio. Quatro protões (os núcleos de quatro átomos de hidrogénio) fundem-se em etapas sucessivas para formar um núcleo de hélio, libertando dois protões, dois neutrinos e uma quantidade imensa de energia, sob a forma de fotões.
Imagem: Ciclo Protão-Protão (http://astro.if.ufrgs.br/estrelas/node10.htm)
Com a descoberta de exoplanetas, a ideia de que outros mundos existem tornou-se uma realidade provada cientificamente. Os exoplanetas são objectos de massa planetária exteriores ao nosso sistema solar, que não brilham com luz própria e orbitam uma estrela que não a nossa. Foi definido um limite superior de massa para que um objeto seja classificado como exoplaneta: 13MJ, onde MJ é a massado planeta Júpiter. Objetos com massas superiores a esta e inferiores a 84MJ são classificados como anãs castanhas. Na comunicação social generalista, poucas ou mesmo nenhumas referências têm havido acerca destas descobertas extraordinárias. Há pouco mais de uma década nenhum exoplaneta havia sido detectado e hoje o seu número ascende já a 209. A maior parte destes planetas são gigantes gasosos muito próximos à estrela que orbitam, tendo por isso períodos de translacção muito curtos. No entanto, muitos planetas com massas de massas menores, mais semelhantes ao nosso, aguardam certamente a sua descoberta.
Recomendo a visita a este sítio: http://exoplanet.eu/catalog-all.php
Imagem: Concepção artística do planeta TrES-1, um dos dois detectados directamente pelo telescopio Spitzer, in USA TODAY , 24-07-2006
Poucos telescópios na história tiveram um efeito tão profundo na pesquisa astronómica como o Telescópio Espacial Hubble. Ainda assim, sua influência não é a que a maioria das pessoas imagina. Em geral, ele não fez descobertas singulares mas transformou antigas suspeitas e pistas obtidas em observações de solo em certezas. O Hubble funcionou em parceria com outros observatórios para construir uma visão multifacetada do Cosmos. Forçou físicos teóricos a substituir teorias grosseiras por outras que explicassem os fenómenos astronómicos com muito mais detalhe. Em suma, o Hubble não foi extremamente influente por se distanciar de outros instrumentos e técnicas, mas por se integrar intensamente com eles.
Em Abril, o telescópio completou seu 16o aniversário no espaço. Seus feitos, tanto o de fornecer detalhes sem precedentes aos astrónomos quanto o de proporcionar um vislumbre das maravilhas do Universo a lares espalhados pelo mundo, foram de certo modo ofuscados recentemente pelo debate sobre seu futuro. A menos que astronautas possam ir até lá e actualizá-lo, o telescópio pode atingir o fim de sua vida útil já em meados de 2008.
Mário Lívio, in Sci-Am Brasil, Agosto de 2006
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