“Nasci no instante que não pertence ao tempo, o passado e o futuro não fazendo sentido, o presente negando a sua própria validade pela eternidade inacessível. Surgi de um ponto infinitesimal, pleno de espaço ilimitado e de densidade infinita, a difícil concepção de tal ovo cósmico exigindo abstracção comparável a genuíno devaneio. Eclodi por mim mesmo, desmentindo a causalidade, afirmando a veracidade da génese espontânea nas dimensões dificilmente engendradas pela maior das inteligências. Brotei do nada, iludindo o caos original, arquitectando pulcras e organizadas estruturas, a lógica parecendo autêntica, o seu efectivo sentido escapando-se por entre os dedos da mão que cerram com desmedida força. Sou vazio que não é sinónimo de nada, a matéria definindo-se pela própria ausência, o estado de mínima energia desnudando a latência das coisas, numa oscilante hibernação que desafia o menos comum dos sensos. Sou campo quântico, essência primordial, as partículas imaginadas dançando ao ritmo pulsante de uma incessante flutuação do vácuo. Sou a extravagante virtude dominativa do ser sobre a sua antítese…”
V.A.D. em Universus
Vídeo: Across The Universe (The Beatles) (www.youtube.com/watch?v=lsuSCwTdxOo)
De mnike30 a 20 de Fevereiro de 2008 às 08:24
Hummm... as tuas palavras fundem-se com o universo de um nada que é também um tudo em constante mutação e movimento neste cosmos físico e sensorial...
"Sou a extravagante virtude dominativa do ser sobre a sua antítese…” Nunca tinha visto tal definição do ser. Sendo ou não se sendo, é-se sempre nesta imensidão de moléculas e átomos.
Sempre achei que o Newton tinha razão...
Beijinhos :)
P.S Tenho tido pouco tempo, mas passarei para te comentar os teus ultimos posts
De
V.A.D. a 21 de Fevereiro de 2008 às 01:33
Fusão... Talvez seja o que melhor define este texto, que começou por ser escrito na terceira pessoa e que depois, por um devaneio repentino, se transformou em algo de pessoal, eu imaginando-me o Universo, encontrando talvez paralelismos com os mundos interiores, variados e alternantes que me definem enquanto humano. Sou alguma coisa, há muita coisa que não sou... :-)
Admiro, aliás, venero todas as mentes brilhantes e Newton foi, indubitavelmente, um dos grandes homens da ciência. O seu actual sucessor, na cátedra de matemática em Cambridge, é talvez o maior cérebro da actualidade e os seus trabalhos trazem uma nova e estranha visão acerca do que pode ser a realidade, tão para além do senso comum...
Desejo-te uma excelente noite!
Um beijo e um enormeeee sorriso... :-)
P.S. Se ou quando puderes... :-) As tuas visitas são sempre agradabilíssimas!
De
perola a 20 de Fevereiro de 2008 às 22:20
Nascer...
Ainda não fui mãe, mas creio que é um momento exactamente como aquele que referes.
Bonitas palavras, amigo.
Grande beijo!
De
V.A.D. a 21 de Fevereiro de 2008 às 01:39
O nascimento de um ser humano, o nascimento do Universo... À sua medida, cada um dos eventos é extraordinário, a complexidade e a beleza das coisas maravilhando-nos e levando-nos a relativizar tantos dos problemas que nos atormentam...
Obrigado, amiga. É sempre muito bom ler-te; as tuas palavras gentis são um enorme incentivo para mim.
Desejo-te uma magnífica noite!
Um beijo e um enormeeeeeeeee sorriso... :-)
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