Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2008
“Mizar e a sua distante companheira Alcor haviam já baixado para lá do horizonte, o fabuloso crepúsculo pintado em laranja e violeta fazendo-me arrepiar de espanto, as tonalidades alienígenas apresentando toda a magnificência de uma Natureza simultaneamente estranha e familiar. Oitenta anos-luz são um enorme fosso, mas a beleza é universal e apanha-me sempre numa teia que me imobiliza e me deixa boquiaberto. Seguimos em elevada velocidade, num silencioso voo rasante sobre edifícios rasteiros que se confundem com a orografia, a inteligência intervindo na preservação de uma paisagem prodigiosa, o Lugar parecendo paradoxalmente intocado pela civilização. Em poucos minutos atravessamos metade de um continente para sobrevoar um mar que se estende, escuro e imenso, para lá do alcance da vista. Devemos estar próximos do nosso destino; sob as águas protectoras, esconde-se o alcácer onde irei arrazoar perante os representantes da Grande Nação Cinzenta. Trago comigo o medo de uma plateia alienígena, aquele friozinho que desce espinha abaixo sempre que me dirijo a uma grande audiência. Sou portador dos planos de construção de um emissor de entrelaçamento quântico que, em conjugação com a habilidade de síntese molecular dos meus interlocutores, permitirá a aniquilação do inimigo…”
V.A.D. em Insectos
Imagem: Mar Escuro (www.candacedwan.com/jelly/data/photograph/image/Maximum_Width=1000,Maximum_Height=322/6761.jpg)
música: The Sea (Morcheeba)
De
**** a 7 de Fevereiro de 2008 às 15:28
"a beleza é universal e apanha-me sempre numa teia que me imobiliza e me deixa boquiaberto" - pois aí, meu amigo, concordo plenamente. A beleza está nos olhos de quem a vê e pode ser encontrada em tudo, mesmo naquelas que podemos repugnar numa primeira instãncia. Basta tentar desenhar algo (ou escrever sobre isso) para repararmos o quão complicadas as coisas são e quanta beleza há em cada pormenor. O que quer que venhamos alguma vez a descobrir nesses astros longuínquos havê-la-á sempre.
Poucos poderiam, é certo, apreciá-la como esse teu personagem e ainda menos conseguiriam descrevê-la como tu o fazes.
Pessoal e presentemente não tenho grandes problemas a falar para a maioria das audiências, mas acho que também sentiria intimidada com semelhante auditório, principalmente com uma tão importante mensagem. Espero que cumpra bem a tarefa.
Beijos
e uma bela noite
Sophia
De
V.A.D. a 8 de Fevereiro de 2008 às 01:35
Nos pequenos e subtis pormenores residem, as mais das vezes, as maiores maravilhas... Tantas vezes, a pressa de viver impede-nos de verificar isso mesmo; o tempo não chega, nunca é suficiente...!
Abordaste um tema que me é muito caro: o desenho. Tendo algum jeito inato para esse género de expressão, vejo-me sempre confrontado com a complexidade que referiste e, muitas vezes, sinto-me incapaz de concluir aquilo que comecei, por achar que não estou à altura do desafio.
Encontrei na escrita a saída para esse meu desejo de ilustrar aquilo que a minha imaginação e os meus sentidos ditam ou percebem... Fico contente por perceber que sou capaz de transmitir essas imagens de forma agradável e, uma vez mais amiga, agradeço a gentileza das tuas palavras.
A timidez é algo de que nunca padeci, e também não me sinto "esmagado" perante audiência alguma. No entanto, creio que a situação relatada seria geradora de alguns receios, no imo de qualquer orador... :-)
Amiga, também eu te desejo uma noite agradabilíssima, cheia de belos momentos!
Um beijo e um BELO sorriso... ;-)
tu e estas tuas historias fabulosas... saudades em ler-te. dcp a ausencia, mas foi necessaria. bj
De
V.A.D. a 8 de Fevereiro de 2008 às 01:42
Amiga, não há por que pedir desculpa! Sendo certo que senti saudades das tuas visitas, sei que nem sempre existe a disponibilidade que gostaríamos de poder oferecer... :-)
Espero que estejas bem e que a tua ausência não se tenha ficado a dever a quaisquer factores negativos.
Pois é... Mais uma incursão pela ficção científica, um género que, como sabes, me é muito caro. Espero ser capaz de construir uma história que se revele interessante, aos olhos de quem por aqui passa... :-)
Desejo-te uma noite muito, muito agradável!
Um beijo e um sorriso enormeeeeeeeeeee... :-)
De
dhyana a 9 de Fevereiro de 2008 às 14:21
Grande Nação Cinzenta?! Que imaginação amigo... Quase que via as montanhas...
De
V.A.D. a 9 de Fevereiro de 2008 às 22:54
Precisava de um nome para a raça alienígena dominante naquele planeta, e como havia referido, num capítulo anterior, que cinzenta era a cor da cútis, aproveitei... :-) De certa forma, a designação pode ser vista com um segundo sentido: algures, a Grande Nação Cinzenta é una e indivisível; na Terra, as diferenças de tez são ainda encaradas como factor de divisão...
Tentei, de forma simples, retratar a vertigem da velocidade; o voo sempre foi algo que me apaixonou e tive a oportunidade de estar ligado à aeronáutica durante alguns bons anos... Guardo na memória alguns espectaculares voos de ensaio em aeronaves militares, a adrenalina subindo a níveis fantásticos, as forças g criando sensações indescritíveis que rivalizam com algumas outras, de cariz bem diverso... ;-)
Um beijo... :-)
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