Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008

Eu

                 

Desvaneço-me nas etéreas luminâncias do arco-celeste, sou pingo de orvalho matinal sobre os ramos da árvore despida, desejo crescente, hino à vida, brisa cálida ou vento agreste. Sou sombra desenhada no solo duro, luz irradiante e treva profunda, chuva intensa que tudo inunda, odor corrupto ou ar fresco e puro. Sou embriaguez e sobriedade, sinto a vida a pulsar nas artérias, conjunto de alegrias e misérias, frio calculismo e natural espontaneidade. Sou certeza e contradição, verdade absoluta ou devaneio insano. Sou simplesmente humano, feito de veemente emotividade e de metódica razão…

Imagem: Orvalho (www.moocaonline.com.br/plano_de_fundo/novas/orvalho.jpg)


publicado por V.A.D. às 03:12
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10 comentários:
De Emanuela a 29 de Janeiro de 2008 às 19:13
Hum...Pra este post tão intenso, faltou a música reveladora.( brincadeirinhas, amigo). Somos mesmo uma eterna contradição, feitos de momentos. Ai daqueles que não tem consciencia disto, que não se dão conta da sua dualidade( e da alheia) Com esta percepção de si mesmo, vem a facilidade maior em aceitar os outros.
Um beijo, com flash de luz.


De V.A.D. a 30 de Janeiro de 2008 às 01:24
Amiga, estava a escrever ao som de Norah Jones... Senti uma enorme dificuldade em escolher uma música, dada a qualidade de todas as que ia ouvindo... :-)
Somos, de facto seres complexos e cheios de aparentes contradições. Contudo, é esta pluralidade de facetas que torna o ser humano tão interessante...

Desejo-te uma noite muito, muito agradável!

Um beijo... :-)


De ______ a 29 de Janeiro de 2008 às 21:38
És redemoinho cantado
no silêncio de um vento
Verso solto declamado
preso livre a um momento

Águas que navegam salgadas
ora doces, ora ternas
que procuram a corrente
que lhes traga ondas eternas

Energia renovada
sol de meio dia
luz de sombra
papel de letra pintada
cor de magia
sem redoma

Som de notas musicais
Compasso perdido a voar
Melodia de querer mais
Sossego de eclipse lunar

Essência de cambiantes
verbos por conjugar
dias que passam sem antes
querendo amar, amar, amar

Calendário de Fevereiro
incerto por opção
És corajoso guerreiro
pó de estrela, ilusão...

Nessa incessante quimera
és promessa de aurora
pôr-do-sol na Primavera
tempo esquecido das horas

Amando o espaço sideral
humano, sábio, louco
Superando o banal
a quem tudo sabe a pouco...

Com um beijo doce :)


De V.A.D. a 30 de Janeiro de 2008 às 01:32
Amiga, deixaste-me sem palavras, e acredita que isso não acontece frequentemente...
Só posso agradecer as fabulosas e surpreendentes considerações que teceste sob a forma de poema... Gostaria de ser tudo isso, mas sou muito menos do que gostaria de ser. Mas sorri, ao ler-te, e enchi-me de vaidade... :-)

Um beijo de boa noite... :-)


De Nuite a 29 de Janeiro de 2008 às 23:55
somos Humanos ... :)
o que nos torna tão ...
tão ... tão unicos!!!
tal e qual como esta como descreveu...
Ana


De V.A.D. a 30 de Janeiro de 2008 às 01:38
Somos seres banais, faces poliédricas do mesmo sólido que se esfuma, aresta viva e delicada textura. Somos únicos, estranhos e reais, ilusão enganadora, memória que perdura...

Desejo-te uma magnífica noite!

Um beijo... :-)


De teresworld a 1 de Fevereiro de 2008 às 18:26
Simplesmente perfeito este retrato no qual me identifico... Porque sou simplesmente humana.

Adorei!!!

Bom Fim de Semana!

Beijos mascarados,

Teres


De V.A.D. a 3 de Fevereiro de 2008 às 00:26
Somos feitos de incertezas, temos facetas aparentemente contraditórias... Se olharmos para nós próprios com olhos de ver, apercebemo-nos da complexidade e congratulamo-nos com ela, porque se fôssemos simplicidade não seríamos humanos...
Obrigado, amiga, pela sua visita e pelas suas palavras!
Votos de um magnífico domingo!

Um beijo... Sem máscaras...! :-)


De MalucaResponsavel a 7 de Fevereiro de 2008 às 23:23
humano... sou humano. com todas as suas falhas. as suas imperfeiçoes. as suas angustias. mas tb com as coisas q so os humanos têm e q os tornam unicos. como as palavras. :)


De V.A.D. a 8 de Fevereiro de 2008 às 01:13
A perfeição, a existir, deve ser entediante...! Imagina não haver mais por que lutar, um anti-clímax como aquele que os alpinistas sentem depois de atingirem o cume da montanha... Percebo-me imperfeito, gosto-me imperfeito... Sei-me capaz de perseguir a ilusão, entendo que nunca a alcançarei... :-)

Um beijo e um sorriso rasgado... :-)


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