Quando os fulgores coruscantes correm pelos céus plúmbeos da melancolia, traçando tormentosos circuitos por entre a frieza das estrelas resguardadas, fecho os olhos, isolo-me da intempérie e o nome dela relampeja sob as minhas pálpebras num zumbido indistinto e suave, um enxame de abelhas passeando pelos longos corredores da memória, a melíflua recordação de verões perdidos e o doce calafrio do sal atlântico trazendo à minha pele o arrepio deleitoso de um outro tempo. Nessas ocasiões, volto a sentir o sorriso que aprendi dela, impresso nos meus lábios com a vermelhidão das cerejas surripiadas das árvores do contentamento, símile da prazenteira inocência agora esmaecida pela veloz passagem das carruagens na férrea linha temporal, num tiquetaque contínuo e irrefreável. E elevo-me na minha própria brisa, espalhando cálidos ventos que resfriam os meus cabelos já cãs e afastam os cúmulos-nimbos para as vastidões de um oblívio provisório de mim mesmo, até que a quietação retorne na anelante respiração de jogos revividos, a Infância decididamente nunca perdida insinuando-se na minha mente…
Imagem: Infância Perdida (Lewis Blehrman) (www.lewisblehrman.com/Lost%20Childhood%20copy.jpg)
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