Os dias haviam sido terrivelmente extenuantes e o tempo, sumindo-se por entre pressas e ajustes, trazia o fatal esgotamento da vontade, a estafa empanando a mente num peganhento e fosco indumento. È inegável, a relação de causalidade: as noites pouco dormidas aglomeram cansaços que embaraçam a lucidez e incapacitam a imaginação. Naquela data, a tenção de dormir sobrepôs-se à querença de escrever e o sono deslizou silente numa abstracção despida de qualquer actividade, refazendo-me, expedito, a partir dos cacos da fadiga. Acordei novo e enérgico, o duche limpando o refugo da indolência e trazendo a frescura de um despertar imprescindível. Saí para a alvorada matizada de brumas perlíferas; um manto opaco enroupava os vales profundos abaixo, acrescentando irrealidade à paisagem e o rio, encoberto por uma planície de neblina fria e húmida, escondia-se da vista, talvez envergonhado com a lentidão do fluir das águas. O vento ausente recordava o silêncio da madrugada sonolenta, a palidez do sol vencendo timidamente a escura e aconchegante ilusão da noite num suave raiar de cores desmaiadas. Todas as manhãs, as já vividas e aquelas que haveriam de chegar, pareceram convergir naquele instante sublime, a visão de um mundo ainda impoluto apaziguando as indeterminações e oferecendo tranquilidade…
Imagem: Manhã de Nevoeiro (http://kevingong.com/Hiking/Images/1998PriestRock/25Fog001.jpg)
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