Meti-me à toa por um atalho do tempo para a procurar, os olhos castanhos brilhando de prazer e as rugas de expressão sulcadas em sorrisos abertos dando-me o ar despreocupado de quem bebe um café numa manhã solarenga de um domingo qualquer. Não raras vezes, captei aqui e ali uma impressão confusa de símbolos entre parênteses, a estrutura complexa das matemáticas dando-lhe um significado tão vasto e profundo que a minha mente recuava instintivamente, o receio de ser arrastado por aquela desmesurada força vital agindo como se o pânico da luz me empurrasse para a sombra. E então, desobstruía-se a razão num fluir de noções muitas vezes intuídas, as esquivas imagens geradas nos interstícios sinápticos urdindo a tapeçaria da compreensão, o entendimento nascendo frágil da incerteza progenitora, a minha face tornada esfíngica pelo esforço da concentração. Por vezes pergunto a mim próprio se a realidade não passará de um simples holograma ou se nada mais é que o resultado de meros pensamentos, uma absurda diversidade de palcos sendo povoada por actores inventados. Quase sempre persuado-me da tangibilidade de tudo, a verdade absoluta ao alcance do intelecto mostrando-se perfeita mas absolutamente esquiva, cultivando um absoluto poder de sedução…
Imagem: Verdade (http://static.flickr.com/118/292949477_64c13cbdbb.jpg)
De
Emanuela a 16 de Janeiro de 2008 às 00:47
Cada um busca a sua própria verdade e à sua maneira. Desejo, amigo, que possas encontrar aquilo que tanto procuras.
Um beijinho.
De
V.A.D. a 16 de Janeiro de 2008 às 01:55
É verdade, amiga. Todos temos uma maneira muito própria de percorrer o caminho da aprendizagem e, no meu caso, procuro a verdade através da ciência, embora pretenda manter a mente aberta a tudo o que seja pertinente... :-)
Agradecendo as tuas palavras, desejo-te uma excelente noite!
Um beijo... :-)
De
Emanuela a 17 de Janeiro de 2008 às 01:06
"Por vezes pergunto a mim próprio se a realidade não passará de um simples holograma ou se nada mais é que o resultado de meros pensamentos"... pois, o que será a verdade?
De
V.A.D. a 17 de Janeiro de 2008 às 01:21
A verdade é tudo aquilo que não devia poder ser subjectivo e que se baseia em conceitos infalíveis e definitivamente provados. Esta minha definição, arranjada agora, pode parecer simples mas, no entanto, leva a uma questão profunda e reveladora das dificuldades que encontramos na tentativa de lidar com a verdade: seremos, enquanto seres humanos emotivos, nem sempre lógicos e racionais, capazes de encontrá-la na sua forma absoluta...?
Não sei as respostas, mas não cesso de as procurar... :-)
Amiga, desejo-te, na verdade, uma excelente noite!
Um beijo... :-)
De
Pérola a 16 de Janeiro de 2008 às 23:47
Mas que audacioso, amigo, querer ser dono do tempo!
Muitas vezes também me pergunto se o tempo é real. Não chego a conclusão nenhuma, apenas que ele passa...
Beijinhos!
De
V.A.D. a 17 de Janeiro de 2008 às 01:30
Amiga, na audácia reside também o prazer... :-)
De facto, o tempo parece muitas vezes ser uma entidade flexível, variando segundo os padrões estabelecidos pelo estado de espírito de cada um, fazendo parecer subjectiva a velocidade a que ele se escoa. No entanto, essa noção é desmentida pelo síncrono passar dos segundos, das horas, dos dias...
O tempo é uma sucessão de instantes, feita numa cadência quase perfeita... E digo quase perfeita, porque na verdade o tempo varia consoante a velocidade a que o observador se desloca. Mas, amiga, isso daria para uma meia dúzia de posts... :-)
Desejo-te uma excelente noite!
Um beijo... :-)
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