“Dei um passo atrás, tranquei-me no laboratório e olhei à minha volta, procurando algo que pudesse servir para contrariar o assalto, óbvio e eminente, daquela criatura inequivocamente alienígena, indubitavelmente em busca do artefacto. Da porta vinha um som rotativo, entremeado de silvos estridentes e agressivos, que se metiam ouvidos adentro como uma broca de dentista, o córtex auditivo protestando veementemente, o corpo reagindo num eriçar de pelos, o medo actuando como gelo sobre a pele. O vermelho do extintor angariou a minha atenção e, num rompante, retirei-o do suporte preso na parede, a tempo de arremessar violentamente à cabeça do intruso que, havendo destruído a fechadura, cruzava a ombreira. Inanimado, o corpo pesado desabou a meus pés, a euforia absurda levando-me à incúria…
O Alto Comando não ignora que até as raças mais fracas podem surpreender, pela obstinada mania de prorrogar o inevitável e pelo empenho que revelam nessa tarefa. Por isso, na retaguarda de um guerreiro, existe sempre outro, decidido a fazer cumprir o plano. E ali estava, à entrada, o executor do serviço inacabado. Não usou a maça nem os punhos: um feixe de luz, de um azul intenso, foi dirigido à nuca do humano…”
V.A.D. em Artefacto
Imagem: Raio de Luz Azul (http://img.teoriza.com/blogs/laser-azul-calentar-cafe-blu-ray.jpg)
De
A Túlipa a 22 de Dezembro de 2007 às 13:42
Os humanos têm, realmente, o infeliz hábito de menosprezar os outros habitantes deste planeta (q euam sabe até os do outro mundo).
E isso vai levarnos à ruína.
'
De
V.A.D. a 22 de Dezembro de 2007 às 21:53
Já reparaste na quantidade de problemas e conflitos provocados por simples diferenças étnicas? A diferença na cor da pele, as religiões, as dissemelhanças socioculturais ... Qualquer destas coisas tem servido, ao longo da história, para que diferentes facções encontrem motivos para guerras que, infelizmente, têm tido (e continuam a ter) resultados devastadores.
Quer queiramos, quer não, tudo o que é diferente intimida e pode provocar reacções de índole diversa. O humano do meu conto, assumiu, sem nada ter perguntado, que os intuitos do alienígena eram hostis: baseou-se apenas naquela espécie de repulsa que sentiu ao ver o intruso. Veremos se a sua atitude se revelou acertada... :-)
Desejo-te um óptimo final de sábado e um excelente domingo!
Um beijo... :-)
De
Emanuela a 22 de Dezembro de 2007 às 16:11
Ai,ai... Complicou o meio campo. E agora, o que será do pobre humano, certamente já subjugado por algum meio hipnótico? Espero o próximo episódio com enorme expectativa.
Beijos!
De
V.A.D. a 22 de Dezembro de 2007 às 22:04
O humano, assoberbado pela ilusão da vitória, baixou a guarda e sofreu um ataque pelas costas, sem que tivesse sequer percebido o que lhe estava a acontecer...
O próximo episódio vai ser preparado e será, quase de certeza, o último deste conto. Espero conseguir surpreender... :-)
Desejo-te um óptimo final de sábado e um excelente domingo!
Um beijo... :-)
De
**** a 23 de Dezembro de 2007 às 02:55
"Alto Comando não ignora que até as raças mais fracas podem surpreender" - Algo que devemos aprender destas criaturas. Os alienigenas não cairam nesse erro, não menosprezaram o inimigo. Quanto ao humano pensou rápido, mas falhou ao tomar uma pequena vitória como a definitiva. Pagou um preço, resta saber quão alto foi e acho que, para tal, vou ter de esperar pelo próximo post.
Espero que então descubra o que é esse artefacto...
Beijos e muito boa noite,
Sophia
De
V.A.D. a 23 de Dezembro de 2007 às 03:39
Tantas vezes nos convencemos da nossa superioridade, desvalorizando culturas e povos que mal conhecemos... Tantas vezes somos traídos por um ilusório excesso de confiança...
Tinha prometido a mim mesmo dar este conto por concluído, à décima parte, mas deixei-me levar pela escrita e vou ter de deixar o desfecho da história para o décimo primeiro capítulo...
Obrigado, amiga, pela paciência que demonstras e pelas palavras amáveis que sempre me tens dirigido.
Também eu te desejo uma óptima noite e um excelente domingo!
Um beijo... :-)
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