“A sonda automática havia sido enviada, centenas de anos atrás, para o terceiro planeta do sistema de uma estrela da classe G2V, na periferia da galáxia. Era esse Sol que agora ali estava nos ecrãs, imóvel e amarelo como um globo ocular de qualquer um dos tripulantes, aquentando o corpo ao sol das manhãs claras do planeta natal, num cerimonial que não mais era que uma reminiscência do comportamento ancestral da espécie. Tinham já deixado para trás o quinto planeta, gasoso e de enormes dimensões, o padrão de hidrogénio, hélio e amoníaco congelado convertendo-o numa imensa tela de cor alaranjada, desmanchando o breu do vazio cósmico. A rotação da atmosfera, variável em velocidade angular consoante a latitude, criava modelos circulatórios onde grupos de nuvens conflituosas se moviam em direcções opostas, empurradas por assombrosos ventos ciclónicos, criando vórtices descomunais que envergonhariam o maior dos furacões terrestres. Finíssimos anéis, feitos de incontáveis milhões de partículas de poeira, circundavam a estrela falhada como uma coroa iridescente, acrescentando ao espectáculo visual uma grandiosidade em relação à qual aqueles seres pareciam integralmente alheios. Piloto e navegador concentravam-se na análise de trajectórias, preparando com notória frieza a incrível desaceleração que os levaria à órbita terrestre, enquanto os restantes reviam maquinalmente os planos de acção…”
V.A.D. em Artefacto
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