
“O Râjan estava sentado, as costas direitas, a boca cerrada e o olhar fixo num ponto não muito distante. Eu, o Vesgo e o Tatuado prostrámo-nos diante dele, a nossa vista pousada nos tufos de erva, a ansiedade tomando conta de cada um de nós. Calmo e seguro, o rei estendeu o braço e tocou-nos nos ombros, em sinal de outorgamento. De imediato, o bhelgh-men irrompeu numa litania repleta de gestos herméticos, enquanto nos erguíamos vagarosamente. Não é possível descrever a ventura que sentia: havia sido aceite no restrito grupo de homens cuja função era garantir por todos os meios a defesa da grei contra o caos. Era-nos confiada a maior das tarefas, o apaziguamento da sanha da Deusa-Mãe, através dos rituais procedentes da noite dos tempos. O falhanço levaria à desgraça, o sucesso representava a glória eterna. Havia começado o Yule; o carneiro cozido com as melhores verduras, o pão ázimo e a cerveja em abundância haveriam de encher os estômagos. As festividades na Casa Comunitária – tambores e flautas marcando o ritmo das danças – prolongar-se-iam durante todo o dia e toda a noite, uma torrente de ledice no monótono gotejar da existência. Para os escolhidos, carne de veado, bolos de farinha de trigo, uma dura caminhada e a impreterível necessidade de sucesso na caçada…”
V.A.D. em Otztal
Imagem: Casa Comunitária (www.islandlife.org/images/Lesvardes1.jpg)
De
A Túlipa a 3 de Dezembro de 2007 às 10:16
Os teus capitulos são demasiado curtos para a minha tão longa curiosidade...
Um texto que está a ficar qualquer coisa de muito interessnte à minha mente, espero o resto e a descrição da dita caçada.
Beijo
De
V.A.D. a 4 de Dezembro de 2007 às 02:14
Caçador, caçado... O ser humano vê-se muitas vezes confrontado com situações completamente inesperadas, em que a traição perpetrada por um dos seus pares é o mais ignóbil dos actos...
Sei que os capítulos são pouco extensos mas, por muito que me esforce, não consigo esticar o curto tempo de que disponho para escrever... Peço-te, por isso, alguma paciência... :-)
Desejo-te uma excelente noite!
Um beijo... :-)
De ______ a 3 de Dezembro de 2007 às 15:20
Bem que belas palavras que tu usas, obrigas-me a ler com atenção e reler :)
Um bolinho e um chá não ia nada mal agora.
Beijos e uma excelente semana :)
De
V.A.D. a 4 de Dezembro de 2007 às 02:16
É certo que, sendo a história destituída de um enredo complicado, tenho de aplicar palavras um bocadinho mais rebuscadas de forma a tornar o texto mais, digamos, apetecível... Deste-me uma excelente sugestão e a chaleira vai ser já posta ao lume. Com o frio que faz, qualquer bebida quente é uma delícia e tenho aqui uns bolinhos de côco que se estão a sorrir para mim... :-)
Desejo-te uma noite muito, muito agradável!
Um beijo... :-)
De
Fisga a 3 de Dezembro de 2007 às 16:55
BEM ESTA CAÇADA PROMETE, COMO O PROMETIDO É DEVIDO, EU FICO À ESPERA QUE A CAÇADA SEJA NO MÍNIMO EXCITANTE, COMO É CARACTERÍSTICO DE UM SAFARI QUE SE PRESA. PARABÉNS, UM ABRAÇO E UM BOM DIA DE TRABALHO, O FISGA.
De
V.A.D. a 4 de Dezembro de 2007 às 02:16
O que aqui vai ser caçada é a índole traiçoeira do “bicho homem”... Espero que o desenvolvimento da história possa a vir ser considerado interessante.
Agradecendo-lhe as gentis palavras, desejo-lhe uma excelente noite.
Um abraço.
De
perola a 3 de Dezembro de 2007 às 19:55
Por momentos fizeste-me ir até outra dimensão, como se também estivesse na cena que contas. Soube-me bem, sabes, depois de um árduo dia de trabalho! É por isso que eu adoro a magia!
Beijocas!!!
De
V.A.D. a 4 de Dezembro de 2007 às 02:19
A magia das palavras, capaz de nos transportar até um outro tempo, até outros lugares...
Fico satisfeito por conseguir, de alguma forma, fazer isso, através dos textos que vou escrevendo.
Agradecendo a gentileza das tuas palavras, desejo-te uma excelente noite!
Um beijo... :-)
De
JoãoSousa a 3 de Dezembro de 2007 às 20:06
Sinto-me um dos companheiros, pronto para a caçada!
Os teus textos, alem de deliciosos são aliciantes e poe-me em pulgas, como se realmente estivesse dentro das tuas estorias, a vive-las!
De
V.A.D. a 4 de Dezembro de 2007 às 02:21
É-me muito agradável saber que consigo criar uma atmosfera, de palavras feita, capaz de provocar essas sensações...
Agradecendo as tuas palavras, sempre gentis, desejo-te uma excelente noite!
Um abraço.
De
Emanuela a 3 de Dezembro de 2007 às 21:49
Fica muito interessante a história, refazendo os costumes de época tão remota,"sentindo" com o personagem a força dos desafios. Esperemos pelo seguimento, que sei, será como sempre, de agradáveis descobertas.
Um beijinho!
De
V.A.D. a 4 de Dezembro de 2007 às 02:25
Obrigado, amiga. É muito bom saber que consigo transmitir, através das palavras, a ideia de um outro cenário, de um outro tempo. Espero poder continuar a corresponder às expectativas...
Desejo-te uma noite muito, muito agradável!
Um beijo... :-)
De
alexiaa a 5 de Dezembro de 2007 às 17:00
Eu, um vesgo e um tatuado em frente a um tufo de erva soa-me a noite de problemas:))
Cá para mim tens a glória eterna por me pores a ler estas coisas…venha de lá a cerveja abundantemente.
Hum…será que ainda vou ao quarto?(IV:))))
De
V.A.D. a 6 de Dezembro de 2007 às 03:11
Ehehehehe, de facto os problemas haviam de aparecer, mas não naquela ocasião.
Fico satisfeito por saber que lês estas coisas; gosto que me visites.
Desejo-te uma noite muito agradável, no calor acolhedor de um quarto com aquecimento, que a noite está muito fria!
Um beijo... :-)
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