“Três longos anos da minha vida foram devotados ao entendimento de como aquele espantoso evento ocorrera, lançando-me numa impaciente tentativa de o replicar. Servi-me, para isso, da minha memória e dos maquinismos que presumivelmente haviam gerado aquela ímpar condição de descontinuidade que me havia arremessado para o passado. Uma a uma, as respostas foram sendo custosamente encontradas, experiências exaustivas tornando viável o que era anteriormente inadmissível. Debati-me com escolhos de toda a ordem e não poucas vezes considerei renunciar à tarefa de tornar maneiro, o miraculoso engenho que me levaria, uma vez mais, a pontos dissemelhantes de uma mesma linha temporal. Não me vou delongar em detalhes, por agora. O meu objectivo está concretizado: estou em Lisboa, na primeira hora do dia um de Novembro do Ano Da Graça de Mil Setecentos e Cinquenta e Cinco; preparo-me para assistir in loco ao terramoto, num local que considero ser seguro. Aluguei, a troco de uma moeda de prata, herança de família, um quarto numa estalagem surpreendentemente limpa, e vou esforçar-me por dormir algumas horas. Se pressentir algum perigo eminente, terei certamente oportunidade de lhe escapar, accionando o deslocador. Se não voltar a escrever acerca desta espantosa aventura, é porque me perdi definitivamente num passado que quis resgatar…”
V.A.D. em Viagem.
Imagem: Gravura Alusiva ao Terramoto de 1755 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Terramoto_de_1755)
De
A Túlipa a 14 de Novembro de 2007 às 14:17
o terramoto.. o pânic daquela gente que não sabia que a terra era viva... Não posso imaginar. Esperemos então pelo cataclismo que será o fim da história. (no bom sentido, claro)
De
V.A.D. a 15 de Novembro de 2007 às 01:53
Na verdade, estou longe de ser um daqueles indivíduos que sentem uma atracção, diria mórbida, por toda e qualquer espécie de acidentes. O terramoto foi a primeira coisa que me veio à mente, enquanto ia escrevendo o conto e, assim sendo, foi o evento que escolhi como o primeiro a ser presenciado pelo protagonista.
Também eu não consigo nem quero imaginar uma situação assim, em que, no meio de escombros, incêndios e vagas de vinte metros, muitos milhares de pessoas encontraram a morte. Não vou, por isso, fazer um relato da devastação; escolhi para final, algo de muito mais prosaico e menos impactante. Espero que possa agradar... :-)
Votos de uma excelente noite!
Um beijo... :-)
:) apesar de abrupto, gostei bastante do desfecho. agr n gostava cá q existisse uma cópia de mim... jamais!!!! bj
De
V.A.D. a 15 de Novembro de 2007 às 02:05
Fico contente por saber que gostaste desta sétima parte, que bem podia ser a derradeira. Mas, em jeito de epílogo, não resisti a criar uma oitava parte do conto, talvez para que o final ficasse menos abrupto. Espero não desiludir...
Subscrevo o que disseste sobre a qualidade de sermos únicos: também não gostaria que existisse uma réplica de mim mesmo!
Obrigado, amiga, pela visita e comentário.
Desejo-te uma noite muito, muito agradável!
Um beijo... :-)
De
dhyana a 14 de Novembro de 2007 às 17:55
Não li os textos, (ainda) mas depois de ler o teu comentário, não pude deixar de passar aqui para te deixar outro... BEIJO.
De
V.A.D. a 15 de Novembro de 2007 às 02:09
Espero que os textos possam ser do teu agrado, amiga. Presumo que estejas a recuperar e desejo que o que te afligiu não tarde a se desvanecer por completo.
Votos de uma noite magnífica!
Agradeço e retribuo o teu beijo... :-)
De
Emanuela a 14 de Novembro de 2007 às 19:22
Ah! Muito bem... Já que a máquina ficou pronta, por favor, também preciso fazer uma viagem destas. Nem precisa ser a um passado tão distante, he,he.
Beijos e um feliz retorno ao presente!
De
V.A.D. a 15 de Novembro de 2007 às 02:12
Se a máquina existisse de facto, teria muito prazer em ta emprestar, desde que me prometesses que a irias preservar com todo o cuidado, ehehehe !
O retorno ao presente está a ser preparado. Espero que o desfecho possa ser do teu agrado.
Votos de uma noite muito, muito agradável!
Um beijo... :-)
De
dhyana a 15 de Novembro de 2007 às 17:51
UFF!!! Esta do terramoto, digo-te, está MUITO BEM CONSEGUIDO! A sua inclusão na estória é subtil e repentina ao mesmo tempo.
Adorei.
De
V.A.D. a 16 de Novembro de 2007 às 01:59
Achei que havia necessidade de me afastar do relato referente ao desenvolvimento da máquina. Era tempo de introduzir no conto um acontecimento que tivesse sido marcante na História do nosso país. Sendo certo que havia muito por onde escolher, este pareceu-me apropriado. Desta vez, quando comecei a escrever o conto, ainda não tinha a estória minimamente delineada; foi à medida que a desenvolvia que as ideias foram sendo consolidadas.
Obrigado!
Um beijo... :-)
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