“Sentia-me nauseado e lutei, em vão, contra o desarranjo em que me vi. A muralha fortificada da minha mente havia sido atacada ferozmente. Projécteis, arremessados pela catapulta de uma constatação inexequível, derrubaram prenoções, como se fossem blocos de pedra empilhados à toa, sem qualquer argamassa. Os sentidos deparavam-se-me fortemente abalados, as portas da fortaleza hediondamente fendidas pelo aríete do que havia visto e me recusava a admitir. A custo, ergui-me do chão frio quando a paralisia mesmérica em que havia caído foi abruptamente descontinuada, ao escutar, ao longe, as badaladas da pêndula do campanário. Teriam sido onze? Mas, eu tinha-as ouvido imediatamente antes de ligar o torno! Olhei para o meu relógio: ou estava seis minutos adiantado ou eu havia sido atirado para um passado que, embora próximo, não podia estar assim, tão acessível! E, contudo, eu tinha-me observado a trabalhar, como se estivesse ausente do meu corpo, sem que o tivesse abandonado. E havia assistido por duas vezes ao fogo de artifício da luminária...! Tornava-se cada vez maior, a certeza de que tinha viajado no tempo…”
V.A.D. em Viagem.
Imagem: Relógio de Pulso (Produção Própria)
De
Emanuela a 13 de Novembro de 2007 às 00:59
Boa noite,meu amigo!
Certamente, mesmo que curta, uma viagem no tempo é um sonho para muitos de nós... Não esqueço o antigo seriado, da década de 70 "O túnel do Tempo"... Certamente também terás visto. Era um dos meus seriados preferidos na época e até hoje, confesso-te que tenho vontade de realizar uma daquelas viagens,he,he. Do jeito que vai a ciência, quem sabe um dia, não é? Beijinhos.
De
V.A.D. a 13 de Novembro de 2007 às 01:40
Olá, amiga! Infelizmente não reconheço o título da série; estou em crer que não passou aqui...
Em relação ao tema que abordo neste conto, confesso-te que é um sonho que, desde pequeno, me perseguiu. Como dizes, ao ritmo a que a ciência tem evoluído, tudo se pode esperar. Aliás, como referi numa resposta a um comentário, as viagens ao futuro dependem apenas de um factor: a velocidade a que nos podemos deslocar. Prometo que um dia falarei sobre isso, de um modo mais conciso. Por agora, fico-me com a esperança de que as viagens ao passado possam vir a ser uma realidade... :-)
Votos de uma noite muito, muito agradável!
Um beijo... :-)
De
dhyana a 15 de Novembro de 2007 às 17:23
Apesar de ainda se tratar do assunto como ficção, alguns cientistas falam do assunto, digamos que discretamente, pq é um assunto polémico e alguns são ridicularizados por pesquisarem sobre isso. Calculo que um dia, chegar-se-á perto, mas duvido que efetivamente se vá conseguir realizar uma proeza destas. Mas...
xxx
De
V.A.D. a 16 de Novembro de 2007 às 02:34
Em teoria, a transmissão de informação para o passado é realizável. Envolve o spin de partículas subatómicas e radiação. Foi nessa base, rotação e luz, que desenvolvi a estória...
Não nos podemos esquecer que muitas das coisas que eram ficção há apenas umas décadas, são hoje parte integrante do dia-a-dia. Por isso, não sou capaz de afirmar que existem impossibilidades... :-)
Um beijo... :-)
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