“A génese daquele extraordinário evento havia ocorrido alguns anos atrás ou, olhando de uma perspectiva singularmente distinta, alguns séculos no futuro. Até àquela manha fria de Inverno, nunca podia ter suspeitado que as conjecturas de Robert Forward pudessem ter algum fundamento. Encontrava-me na pequena mas bem equipada oficina, entregue à trivial tarefa de fazer, no torno mecânico, uma peça a ser aplicada no velho carro que andava a restaurar. Subitamente, enquanto as lâmpadas do tecto rebentavam numa sequência semelhante ao disparo de uma metralhadora, percebi um aumento assustador na velocidade de rotação do aparelho. Sem qualquer advertência prévia, o corpo pareceu contorcer-se-me, num consciente opróbrio de desconformes e espasmódicos movimentos, cada pedaço de mim arrancado sem anestesia para ser projectado numa direcção temporal inadmissível e, paradoxalmente, tão efectiva. Por um instante interminável, o mundo deliu-se num amorfo lugar solitário, nenhuma voz se fez ouvir e nenhuma imagem teve significância, como se os sentidos se tivessem abscindido do espaço e do tempo, enrolados no rodopio daquela máquina em aparente descontrolo…”
V.A.D. em Viagem.
Imagem: Abscisão (www.filterforge.com/filters/1360.jpg)
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