“Não consegui sequer completar o pensamento. Pois que o tempo efectivamente ludibriou-me, esquivando-se desabridamente, deixando-me inane de raciocínios e saciado de sensações. Tudo o que havia já experimentado, dor e êxtase, alegria e pesar, ódio e amor, raiva e tranquilidade, tudo se afunilou numa imensa torrente, barulhenta e embriagante. Toda a luz, toda a cegueira, todas as loucas delícias e todas as infaustas desilusões estavam condensadas naquele infernal instante sintético. A totalidade do que já havia conhecido parecia esfaquear a minha sanidade, a seiva da lucidez esvaindo-se a cada golpe… Parecia-me que balançava entre a vida e a morte, sem perceber a eternidade. Séculos de séculos, vidas depois, tive de novo consciência da minha natureza humana. Reconheci instantaneamente a semi-obscuridade tranquila do meu quarto e aquietei-me com um compassado e ténue som de respiração. Ainda com o coração a bater aceleradamente, virei-me para procurar o aconchego do corpo dela encostado ao meu. Abracei-a e adormeci, enquanto me tentava persuadir de que tudo aquilo não passara de um mero pesadelo. Teria sido apenas isso…?”
V.A.D. em Os Outros.
Imagem: Vórtice (www.robotpegasys.com/alienswfs/abcfiles/vortex.jpg)
De
Lazy Cat a 1 de Novembro de 2007 às 04:14
Não. Não consegues corresponder ao que espero de ti!
Ultrapassas largamente tudo o que possa esperar. De cada vez que te leio fico apenas com vontade de te ler mais. E de cada vez que dás mais, o meu apetite se torna mais voraz!!
Ninguém escreve assim. Obrigada. Por pintares as imagens que os meus olhos vêm com as tuas palavras....Beijo de gata....
De
V.A.D. a 1 de Novembro de 2007 às 23:00
Nem sei bem o que dizer... Sei que representa uma enorme alegria saber que, de alguma maneira, sou capaz de emprestar àquilo que escrevo a intensidade que dou à criação mental destas estórias ...
É a mim que cabe agradecer, não só a tua visita, como também as tuas gentis palavras!
Votos de um óptimo final de dia!
Um beijo... :-)
De
Emanuela a 1 de Novembro de 2007 às 23:48
Agora entendi tudo... és realmente um ser dotado de outros conhecimentos, outras sensações...Tudo implantado por eles... Sabe-se lá o que farás ?(brincadeirinhas!)
Adorei a história. O final deixa-nos mesmo com a velha pergunta: _Quantos assim não estarão entre nós?
Desejo-te uma noite sem novas abduções( he,he).
Beijos!
De
V.A.D. a 2 de Novembro de 2007 às 00:03
De facto, a história podia ter terminado neste post. Mas o final está ainda para chegar. Verás que, embora seja um céptico empedernido e achar que existem explicações científicas para estes supostos fenómenos, optarei por deixar em aberto todas as hipóteses... :-)
Eheheheh, também espero não ser abduzido!
Votos de uma magnífica noite!
Um beijo... :-)
De
dhyana a 2 de Novembro de 2007 às 16:40
Ufff! Que alívio. Há uma mulher. Espero equilibrio então.
E vamos seguindo...
De
V.A.D. a 3 de Novembro de 2007 às 01:39
Eheheheh, o que seria da vida de um homem sem uma mulher...? É claro que seria completamente desequilibrada!
(A plenitude existencial só se atinge quando o côncavo e o convexo se juntam, numa união que, mesmo eivada de imperfeições, é magnífica...)
Um beijo... :-)
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