“Soergui-me, um cotovelo apoiado no almadraque que de imediato se adaptou à pressão exercida. Um guincho inquietante, um uivo agudo pejado de surpresa meteu-se-me pelos ouvidos adentro, derrubando-me como se uma mão invisível me tivesse empurrado. Soube que qualquer coisa não estava certa; pareceu-me haver um novo odor na atmosfera, um fedor aflitivo a asco e repulsa, que me nauseou a ponto de vomitar o vácuo das minhas entranhas. E senti a dor, subtil mas incómoda. Não tive necessidade de levar a mão à nuca para saber que, enquanto inconsciente, aqueles cirurgiões diabólicos tinham estado a trabalhar, introduzindo condutores em centros do meu cérebro, micrometricamente localizados. Nessa massa de tecido hipertrofiado, com menos de quilo e meio de peso, feixes de nervos e tecido especializado dominam a disposição e as emoções, assim como o pensamento consciente e as actividades motoras. E então um medo estarrecido apoderou-se de mim, tolhendo-me irrevogavelmente. Apercebi-me que não era mais que um títere, estranhamente suspenso por fios condutores, indiscutivelmente manietado por impulsos eléctricos meticulosamente aplicados…”
V.A.D. em Os Outros.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. O horizonte de eventos e ...
. Blogs
. Abrupto
. Feelings
. Emanuela
. Sibila
. Reflexão
. TNT
. Lazy Cat
. Catinu
. Marisol
. A Túlipa
. Trapézio
. Pérola
. B612
. Emanuela
. Tibéu
. Links
. NASA