Em qualquer parte, para lá do horizonte, irei desaparecer sem que restem quaisquer traços de mim. Irei embrulhado no frio vento que sopra de norte, carregado de cristais de gelo e suor, espalhando pelas desertas estepes a leve carga que sou… Vinte e um gramas de nada, um grande vazio outrora pejado de utopias. Aqui e agora, não há imutabilidade alguma. A brisa quente da vida, sussurrando incessantemente, desenha ondulações febris na seara dos meus pensamentos. Fabulosos sopros fazem rodopiar a minha capa, tingida de mil tonalidades subtis, tecida de emoções à solta. Drapejante como uma bandeira erguida no topo de uma colina, a voz da minha mente entoa as instruções dadas ao corpo, aprendidas ao longo das eras, feitas de instinto e intelecto. Deste lugar privilegiado, espreito os vales do passado, preenchidos pela névoa estagnada num ar cediço e sem movimento. O bafo doce e ténue de um futuro que desconheço enche-me os pulmões e infiltra-se-me nos sentidos. Será assim, até que os torvelinhos violentos de alguma indeclinável tempestade me arrastem, para lá do horizonte…
Imagem: Encarando o Vento (www.westernwindenergy.com/images/image_2.jpg)
De
Emanuela a 28 de Outubro de 2007 às 01:01
Mesmo que o corpo vire pó, ou cinzas, acredito que a essência de cada ser ficará misturado às gerações futuras.O tempo, este desconhecido para nós. Nele, tudo não se misturará? Talvez, meu amigo, o vento saiba a resposta!
Beijos. E desejos de domingo sem tempestade!
De
V.A.D. a 28 de Outubro de 2007 às 01:22
É verdade que os traços que vamos desenhando durante a nossa existência não serão completamente apagados, pelo menos durante uma ou duas gerações. É verdade que parte do património genético é transmitido à descendência, fazendo com que um bocadinho daquilo que somos tenha continuidade. É não menos verdade que existe uma enorme subjectividade no tempo e naquilo que ele pode fazer... :-)
Adorei a forma como o teu comentário foi feito, mais em jeito de interrogações do que dando respostas...
São meus também, os desejos de que o teu domingo seja dominado pelas brisas aveludadas do bem-estar!
Um beijo... :-)
De
Emanuela a 28 de Outubro de 2007 às 01:53
Oi amigo. Estás aí ainda? Estou a lutar com meu post. No meu blog ele não aparece, aqui para mim, ainda que já tenha recebido o teu comentário e o publicado... Coisa muito estranha!
Beijinhos!
De
V.A.D. a 28 de Outubro de 2007 às 01:18
Pois, é verdade! Também estranhei vê-lo quando abro o meu perfil, mas não o ver no teu blog...!
Experimenta apagá-lo, e voltar a publicá-lo mais tarde... Talvez haja alguma falha temporária em algo que se relacione com a apresentação de posts...
Um beijo...
De
Emanuela a 28 de Outubro de 2007 às 01:24
Já fiz isto. Apaguei-o e voltei a publicá-lo, mas tudo permanece na mesma... Bem, vou deixar assim até amanhã pra ver no que dá. Um beijinho!
De
V.A.D. a 28 de Outubro de 2007 às 01:28
Há, definitivamente, um problema qualquer com algumas das funcionalidades dos blogs. Constatei isso mesmo através da "gestão de comentários"; por isso, amiga, a melhor solução é mesmo esperar para ver se o problema é resolvido.
Bom domingo!
Um beijo... :-)
De
JoãoSousa a 28 de Outubro de 2007 às 19:20
nem sei que dizer realmente! O texto ta fantastico e acredita que tambem senti os meus 21 gramas elevarem-se de repente enquanto lia o texto e uma brisa se levantava. (fiquei com medo que esses 21 gramas nao quisessem voltar)!
De
V.A.D. a 28 de Outubro de 2007 às 19:51
Às vezes, pequenas e insignificantes brisas elevam esses 21 gramas, fazendo-os flutuar até que a as forças da realidade os façam regressar aonde pertencem...
Obrigado! Bom final de domingo!
Um abraço.
De Anónimo a 29 de Outubro de 2007 às 11:12
Eu bem que queria dizer alguma coisa de jeito, mas a Emanuela não deixou nada para mim.
Beijos...
De
V.A.D. a 30 de Outubro de 2007 às 01:39
A tua presença, a forma como disseste sem dizer, bastam-me para ficar com um sorriso nos lábios... :-)
Votos de uma excelente noite!
Um beijo...
escreves sp assim?? n t sei explicar. é cm s entrassemos numa outra realidade, numa outra perspectiva, pela forma como escreves, apesar do conteúdo, bem interpretado, seja mt real... bj
De
V.A.D. a 30 de Outubro de 2007 às 01:47
Fico feliz saber que, às vezes, consigo escrever palavras com um conteúdo capaz de levar quem as lê até uma espécie de Universo Paralelo, onde cada frase pode ser uma emoção profunda, onde cada termo é quase um pictograma...
Gostava de ter a capacidade de escrever sempre assim, mas falta-me a constância da inspiração...
Desejo-te uma noite cheia de imagens bonitas!
Um beijo... :-)
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