“Exultação. Uma vaga de alegria, ampla e possante, abate-se de imediato sobre todo o meu ser, deixando-me esmagado pela jubilosa perspectiva de não vir a fenecer ingloriamente, devido a um acidente arbitrário e cruel. Redescubro, neste instante, a vontade de viver e os olhos enchem-se-me de lágrimas. Sinto-me tentado a agradecer a um deus em quem não acredito, o aparente milagre que está a ser operado. Acção. Recupero a lucidez e apercebo-me de que é forçoso fazer-me notar. Procuro freneticamente, por entre parco equipamento disponível, algo que possa assinalar a minha presença no interior da nave sem energia, onde só os sistemas de suporte da vida continuam operacionais. O apontador laser deve servir! Aproximo-me da escotilha e faço o dispositivo piscar intermitentemente, o foco dirigido para aquele veículo onde reside a esperança. Interrogação. Agora, mais calmo, vejo nascer na minha mente diversas questões para as quais não consigo entrever respostas: quem serão? Serão hostis? Reconhecer-me-ão como um ser inteligente? Por entre as incontáveis estrelas de um Universo ilimitado, quem sabe que formas de vida terão nascido…”
V.A.D. em Naufrágio.
Imagem: Feixe de Laser (www.sunbeamtech.com/PRODUCTS/images/laser_beam_led_r_550.jpg)
De
dhyana a 23 de Outubro de 2007 às 11:16
oh vad, as tuas palavras deixaram-me o sabor doce e quente de um abraço. Tenho lido bons livros ultimam. e a verdade é que, nunca conseguirei atingir essa profundidade de pensar, essa capacidade de analisar e tirar conclusões, olhar para uma rua e fazer desse simples e estúpido facto uma estória. Atingir o estado de beleza suprema com um simples parágrafo! É genialidade que me falta amigo, uma boa dose dela. Até a bebia em canecas de dois litros, com direito a espuma, gaz, pressão e tudo!, porque vontade, essa tenho até demais, por demais, em excesso e é terrível... corre mais que o sangue! Perante este facto, fiquei fula!
Se não quiseres publicar este testamento, compreendo, complicadamente quis partilhar esta minha tempestiva-crise-neurótico-existencial contigo, a propósito do teu comentário.
Beijos...
De
V.A.D. a 24 de Outubro de 2007 às 01:28
Sabes... Sinto-me lisonjeado pelo facto de teres querido "conversar" comigo acerca disto. Não nos conhecemos, é certo, mas não deixa de ser encantadora, esta amizade que sinto existir entre nós.
Tenho a noção de que essa genialidade de que falas estará permanentemente arredada de mim. Interrogo-me, por vezes, sobre os motivos que me levam a escrever. Encontro algumas respostas que, não sendo completamente satisfatórias, servem para apaziguar essa espécie de desespero que também às vezes me invade, ao perceber que não tenho a criatividade que desejaria ter. Uma delas tem a ver com o puro prazer de transmutar os pensamentos em palavras; mesmo que esse processo esteja cheio de falhas, não deixa de ser um exercício interessante. Uma outra prende-se com a ideia de "ser capaz". Se não tentar, não sei se sou... Se tentar e falhar, fica pelo menos patente a vontade... Uma terceira reflecte a ideia de que, à minha tosca maneira, consigo divulgar algumas das coisas que penso e sinto, mesmo que esses pensamentos não correspondam à Verdade... Mas, afinal, o que é a Verdade? Não é aquilo que cada um de nós acha que é irrefutável?
Um outro aspecto, que não sei se será pertinente, mas que me apetece referir: gosto de Kafka, mas há quem ache as suas obras intragáveis... Detesto Saramago, mas atribuiram-lhe um Nobel...
Sintetizando... Não te diminuas... O que escreves é uma parte de ti... E eu gosto!
Votos de uma noite plena de serenidade!
Um beijo... Cheio de carinho... :-)
mas tu escreves com um dicionário ao lado ou és mm um dicionário ambulante, cm a minha irmã diz q sou qd tem preguiça de agarrar no dicionário?? bj
De
V.A.D. a 24 de Outubro de 2007 às 01:34
Não escrevo com um dicionário ao lado mas, às vezes, recorro a um... :-)
Acho que a escrita deve fluir ao sabor das correntes de pensamento, pois só assim faz sentido. No entanto, antes da publicação, revejo-a cuidadosamente, e faço as correcções que às vezes acho que têm de ser feitas...
Desejo-te uma noite cheia de palavras sonhadas...
Um beijo... :-)
às x faço o mesmo. pessoalmente n gosto de ler textos em q se repitam palavras, qd n faz parte da forma de escrever. qd se usa sp a mesma expressao pq nao se conhece outra, ou n se sabe... entendes o q quero dizer? e às vezes também vou ao meu calhamaço laranja procurar sinónimos... :) bj
De
V.A.D. a 25 de Outubro de 2007 às 01:41
Como te entendo...! A repetição de palavras pode tornar monótono, um texto que podia ser bom. É por isso que os dicionários são importantes e devem mesmo ser consultados, quando precisamos de sinónimos...
Amiga, desejo-te uma noite muito, muito agradável!
Um beijo... :-)
(ah!, acho q o último txt q publiquei, acerca da msg, foi mais pq qria q tivesse sido outra pessoa a mandar-me, mas que se tem esquecido de nós no meio das milhentas coisas q tem pa fzr... enfim. cada um sabe de si. bj)
De
V.A.D. a 24 de Outubro de 2007 às 01:39
Acho que entendo... (Agradeço a gentileza, sabes...! Mesmo não tendo nenhumas justificações a dar, mostras que és uma pessoa educada e que preza a clareza...)
Votos de uma noite muito, muito agradável...!
Um beijo... :-)
eu sabia q entenderias... :) nao o fiz cm a justificar-me, fi-lo pq queria mesmo q tivesse sido outra pessoa a mandar-me, apesar de não ter levado a mal por parte da pessoa q me enviou, de quem sou amiga. bj
De
V.A.D. a 25 de Outubro de 2007 às 01:47
Referia-me à justificação que me deste, a propósito do meu comentário... Fiquei agradado com o gesto, pois mostra que me tens consideração...
Desejo-te uma noite muito agradável.
Um beijo... :-)
De
Fisga a 24 de Outubro de 2007 às 17:50
Li os últimos 3 artigos que ainda não tina lido, Pensamento de mim, Naufrágio III, vermelho branco e negro. Não é necessário muita atenção para ver que este blog pertence a alguém com um largo traquejo nesta ária, mas fascinou-me a viagem feita em uma nave mistério onde o inesperado acontece, consegui pôr-me no lugar do protagonista e senti alguns arrepios de frio na espinal-medula. parabéns, dá gosto ler. Um abraço e toda a felicidade do mundo, o fisga
De
V.A.D. a 25 de Outubro de 2007 às 01:54
Agradeço as suas gentis palavras. Na verdade, não tenho o traquejo que gostaria de ter, pois esta aventura da escrita, feita com regularidade, iniciou-se ainda nem há um ano...
Fascino-me com as incríveis possibilidades que o uso da escrita proporciona: podem-se criar mundos, estórias e até realidades alternativas...
Um abraço!
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