“Fustigado pelo chicote invisível de um clima agreste que não é o meu, caminho curvado, evitando mecanicamente os raros e raquíticos arbustos rasteiros. Os olhos semicerrados, postos no chão, nada mais vêem que a desgraçada desolação do permafrost, pedras nuas e terra tão infértil como o meu estado de alma. Sinto um terrível frio, que me entorpece e me suga a energia, que me deixa exaurido de forças, que me dispersa por completo até nada mais ser que um corpo fragilizado e destituído de identidade, perdido há muito nos confins de um labiríntico pântano gelado. Detenho-me. Pontilhando o breu da extensa noite, imprevisíveis luzes cintilam à distância, promessas de um lugar onde me poderei abrigar de um cortante vento catabático que se me entranha nos ossos, na carne e na mente. Esqueci-me do calor, não sei a que sabe, e percebo em mim um medo absurdo de o reconhecer e apreciar. Tenho de vencer os receios a todo o custo, tenho de lutar para que não desista de me arrojar por esta tundra, permanentemente amaldiçoada e terminantemente inóspita, até reencontrar a civilização, até me reencontrar…”
V.A.D. em Tundra.
Imagem: Tundra (http://summit.k12.co.us/schools/sms/Copy%20of%20BiomeQuest/tundra/Images/Winter%20Scene%20516.jpg)
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