“Inacção. Quero exilar-me num lugar vazio de pensamentos, onde possa encontrar o letargo total de mim mesmo, onde as incertezas do futuro sejam enterradas sob os escombros poeirentos do esquecimento. Afundo-me, uma vez mais, num estúpido sono que desejo permanente… Acordo, subitamente alertado por algo que sei instintivamente não ser normal e abro os olhos. Confusão. Reajo com desagrado à luz forte que incide sobre a minha face e, num acto reflexo, viro-a para o lado, enquanto volto a fechar as pálpebras. A ardência de mil agulhas a espetarem-se-me na mente desvanece-se de imediato mas, com o regresso da consciência, é substituída por algo muito mais profundo e dilacerante. Sei-me perdido nos áridos vórtices do espaço-tempo e vejo-me sufocado na minha excessiva solidão. Que raio será aquela luz? Estarei a delirar, ou a meio de algum sonho que, de tão promissor, se faz torturante? Decisão. Enfrento o intenso fulgor, comparável ao do sol; os párpados semi-cerrados, num trejeito grotesco, evitam a cegueira. Através da ampla escotilha, distingo a fonte daquele enorme caudal de fotões, encastoada numa estrutura negra e imensa, estranhamente familiar de tão obviamente artificial…”
V.A.D. em Naufrágio.
Imagem: Feixe Luminoso (original em http://www.dansdata.com/images/xlights/beam280.jpg)
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