“Um som cavo e gutural, um rosnido alienígena de pôr os cabelos em pé e os nervos em franja, continuava a sair por entre os alvos e afiados dentes da enorme criatura de aspecto felino. A atitude agressiva era prenúncio de um ataque eminente, e eu tinha de fazer algo, e bem depressa. Precisava de confrontar os meus medos, em vez de fugir deles. Olhei para a mochila, a um ou dois metros de distância; a solução para o meu problema encontrava-se no seu interior, mas era-me impossível alcançá-la sem que me movesse, e parecia-me que qualquer acção da minha parte iria desencadear a acometida. Permaneci no mais absoluto silêncio enquanto tacteava o frio solo de pedra, procurando a garrafa de água de que momentos antes me tinha servido, para matar a sede. Assim que a encontrei, delineei mentalmente um plano louco e improvável, mas que talvez representasse a minha única hipótese de sair dali com vida. Arremessei o objecto com todo o meu ímpeto e rolei sobre mim próprio, agarrei a mochila, que felizmente estava aberta, e peguei na arma carregada e pronta a disparar. Lembro-me de premir o gatilho e de ouvir o estampido seco do disparo, enquanto o vulto negro da fera voava na minha direcção…”
V.A.D. em Algures.
Imagem: Medos
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