“Sentia por todo o corpo um rumorejar profundo, um murmúrio quase inaudível de muito baixa frequência, e a sua origem fundamental, instintivamente pressentida, provocava em mim uma inquietude surda e angustiante de tripas em revolvimento, a antecipação insofismável de um evento poderoso e potencialmente catastrófico… E o silêncio, quase perfeito, amplificava aquela sensação de apreensão que me envolvia e sufocava… Subitamente, um jacto sinistramente escuro rasgou as águas em direcção ao céu azul, seguido por uma sucessão incrivelmente rápida de muitos outros, que se iam salpicando de pontos de um branco imaculado, que logo se dilatavam para formar rolos de fumo. Em alguns segundos, a Grande Arquitecta conseguira mudar a paisagem: do mar fervente erguia-se agora uma torre colossal, com centenas de metros de diâmetro e um quilómetro de altura, fantasticamente móvel, torcida de volutas em turbilhão, rasgada por repuxos renovados sem cessar, fendida por explosões simultâneas, espalhadas como os dedos abertos de uma mão imaginária. Até onde a vista alcançava, o vento estendia um véu imenso e negro de cinzas finas, que se entranhavam em todos os poros e dificultavam a respiração. A erupção submarina iria continuar por alguns meses, depositando no leito do oceano toneladas de material arrancado às entranhas da Terra, até que uma nova ilha surgisse…”
V.A.D. em A Ilha
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