“Lá fora, o vento começou a soprar, forte e zangado, trazendo consigo nuvens feias de tempestade. A realidade é tenebrosa e sinto-me a desfalecer. Enquanto escrevo estas palavras, tenho a nítida sensação de que não haverão outras oportunidades de transcrever os meus pensamentos, pois acredito que desta vez a loucura, ou o que quer que lhe chamemos, veio para se instalar definitivamente na minha existência. Encharco-me em suores frios; o meu corpo quer deixar de obedecer às ordens que o meu cérebro ainda consegue emitir. Ondas de tristeza e de revolta trespassam-me como gumes frios e afiados. Olho pela janela e vejo os céus plúmbeos sobre o mar encrespado; temo que o azul de toda uma vida seja substituído pelo negrume…
Epílogo
Algures na cintura de asteróides, entre Marte e Júpiter, camuflada entre as centenas de objectos celestes, a nave centauriana continuava a sua órbita em torno do Sol. No seu interior, as figuras esguias e cinzentas dos seus tripulantes verificavam metodicamente as informações que lhes vinham chegando. Indetectáveis, os enxames de nanomáquinas feitas de carbono e silício, continuavam a sua tarefa, conforme o alto comando havia planeado. Um a um, os cérebros de milhões de pessoas iam sendo atacados inexoravelmente… A derrocada da humanidade estava cada vez mais próxima, embora ainda houvessem alguns anos de espera pela frente. Não era relevante: tempo era coisa de que dispunham.”
V.A.D. em Derrocada.
Imagem: Cinturão de Asteróides (http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/foto/0,,10964957-EX,00.jpg)
De
Emanuela a 29 de Setembro de 2007 às 01:58
Humm...Entào era isso o tempo todo.Um ataque alíenígena. Era de se supor, mas sinceramente, pensei mais em armas químicas feitas pelas mãos humanas.Parabéns, a mim o final foi surpreendente!Beijos
De
V.A.D. a 29 de Setembro de 2007 às 02:24
É provável que não tenha trazido nada de novo, e sei que a minha imaginação não é tão fértil quanto eu gostaria que fosse... Mas deu-me um imenso prazer, esta aventura...!
Obrigado, pela paciência e pelas palavras de incentivo!
Um beijo... :-)
De Sónia a 29 de Setembro de 2007 às 18:38
Segui a historia e adorei. O fim é inesperado mas está bem interessante! Bjs
De
V.A.D. a 29 de Setembro de 2007 às 21:56
Fico satisfeito por ter conseguido dar um toque de inesperado ao final da história... :-)
Obrigado pela visita e pelo comentário.
Bom fim de sábado!
Um beijo...
gostei de tudo menos do final. ou melhor, n era aquilo q eu estava à espera - sem esperar especificamente nada - e, apesar de estar bem conseguido, principalmente a frase final, qria outra coisa qq... (dcp a sinceridd).bj
De
V.A.D. a 1 de Outubro de 2007 às 14:04
Bem, pelo menos resta-me a satisfação de saber que o final foi mesmo inesperado, ehehehe :-)
Não se deve pedir desculpa pela sinceridade...! Aliás, é ela que importa, quer nos comentários, quer em tantos aspectos da vida...
Estive tentado a arranjar um final mais cor-de-rosa para a história, mas resolvi não o fazer. A ideia inicial, boa ou má, contemplava um desfecho assim, e sei que nunca se pode agradar a toda a gente.
Agradeço tua a paciência e, obviamente, o facto de me leres...
Votos de uma óptima semana!
Um beijo... :-)
Gostei do final... aliás não esperava outro senão este com invasores extraterrestres, aguardando pacientemente a derrocada da terra. Fico a aguardar uma nova serie....
Um beijo
Teres
De
V.A.D. a 3 de Outubro de 2007 às 01:34
Agradeço a sua paciência e as suas palavras. Fico contente por ter conseguido criar um final plausível, embora carregado de um negrume melancólico, algo que é até contrário à minha maneira de ser… Talvez resida nisto mesmo, o prazer que me deu escrever esta estória... :-)
Um beijo...
De
dhyana a 2 de Outubro de 2007 às 12:20
Aqui está a derradeira missão, mesmo sabendo que mais nada resta a não ser loucura total, "ele" ainda tenta deixar alguma coisa de útil para um amanhã que pode bem nunca chegar, mas mesmo assim, quer deixar parte da sua memória, a sua marca como homem e quem sabe como espécie.
Gostei da estória, já previa este final apesar de ainda ter guardado uma réstia de esperança de uma reviravolta qq.
Beijos.
De
V.A.D. a 3 de Outubro de 2007 às 01:37
A dada altura, eu próprio vi-me tentado a dar um final diferente a esta modesta estória, mas não o fiz. Quando as linhas gerais se formaram na minha mente, foi assim que vi o desfecho, bastante negro e melancólico é certo, mas destituído de quaisquer heroísmos, pouco plausíveis perante uma situação daquelas...
O facto de “ele” se ter proposto fazer um relato dos acontecimentos prende-se, talvez, com o meu gosto por História; creio que só nos compreenderemos, enquanto espécie, quando compreendermos o passado...
Obrigado pela tua “presença”, e também pela paciência que revelas...
Um beijo... :-)
De
Rhiannon a 8 de Outubro de 2007 às 01:41
Na verdade, foi surpreendente o final, também eu não o esperava assim.
Fico a aguardar outro conto.
De
V.A.D. a 8 de Outubro de 2007 às 01:59
Com este final pretendo, talvez, demonstrar que há coisas inevitáveis, sobre as quais não exercemos qualquer controlo... Quero no entanto frisar que é uma mera constatação; não espelha a minha atitude perante a vida... :-)
Votos de uma óptima semana!
Um beijo...
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