“Nos primeiros meses, milhares de refugiados aportaram ao velho continente, procurando desesperadamente fugir daquilo que se crê inevitável; teme-se que não haja lugar no mundo onde uma pessoa se possa considerar a salvo. A maré da alienação havia já submergido os Açores e, num avião proveniente da Madeira, mais de metade dos passageiros chegaram com os primeiros e evidentes sinais de loucura. Quanto tempo me restaria, antes de me tornar uma besta insensível e desprovida de inteligência? Quanto tempo teria ainda para me deliciar com as madrugadas silenciosas e com os crepúsculos dourados? Que aconteceria à fina teia de raciocínios e à capacidade de abstracção que fazem de nós o que realmente somos? Deixaria de me emocionar com a beleza e de me revoltar com a injustiça? Deixaria de perceber o tórrido fluir do amor e de me refrescar na aveludada sensação de uma carícia? A torrente de perguntas sem resposta era tão ensurdecedora como uma verdadeira e majestosa cascata, e abatia-se sobre mim com a força de mil rios…”
V.A.D. em Derrocada.
Imagem: Inteligência (http://sergecar.club.fr/images/intelligence.jpg)
De
In a 24 de Setembro de 2007 às 01:33
Gostei do texto fez-me pensar no que se passa nos dias de hoje, nos barcos cheios de imigrantes clandestinos em fuga, não de uma maré de alienação ou talvez sim, que ainda tem fronteiras resistentes, e que nos leva sabe-se lá até onde?...
Um beijo...
De
V.A.D. a 24 de Setembro de 2007 às 01:49
Os imigrantes clandestinos fogem da maré de fome e violência, da contínua vaga de um futuro sem perspectivas... Procuram na Europa aquilo que África lhes daria de sobra, fossem os governantes pessoas de bem...
No(s) texto(s), tento evidenciar que a esperança é de facto aquilo que resiste até ao fim, mesmo que o fim seja lúgubre. Espero que a história possa agradar.
Votos de uma óptima semana!
Um beijo...
De
JoãoSousa a 24 de Setembro de 2007 às 02:04
Adorei! senti-me desmoronar! é incrível a tua capacidade de me fazer entrar de repente na tua historia, e tornar-me num personagem! Fantastico mais uma vez
De
V.A.D. a 25 de Setembro de 2007 às 01:37
Não posso deixar de agradecer as tuas palavras… É um grande incentivo sentir que o leitor se identifica com o texto e espero que a história possa continuar a agradar…
Um abraço.
De
Emanuela a 24 de Setembro de 2007 às 02:58
É arrepiante e real. De uma forma ou de outra, parecemos estar realmente á mercê de coisas assim, que vão paralizando nossos sentidos, nossos sentimentos. Fantástica forma de interrogar, de fazer com que procuremos estar atentos, buscando a não alienação, principalmente do nosso sentir.
Um beijinho. Desejo-te um início de semana alegre e promissor.
De
V.A.D. a 25 de Setembro de 2007 às 01:38
Mesmo perante as piores adversidades, não devemos deixar de sentir, nem podemos deixar de colocar questões, mesmo que as respostas sejam incertas ou fugidias… Isso seria negar a nossa humanidade, aquilo que faz de nós o que somos: seres pensantes e com sentimentos…
Votos de uma magnífica noite!
Um beijo... :-)
No fundo, bem no fundo o ser humano é tão vulnerável ...
Já não há certezas absolutas.
E o homem perde-se, perde-se no lodo da loucura fecundada artificialmente.
Um beijo
Teres
De
V.A.D. a 25 de Setembro de 2007 às 01:39
Frágil, cheio de incertezas, por vezes inconstante, mas capaz de sentir e de pensar, assim é cada um dos indivíduos da nossa espécie…
A loucura pode surgir inesperadamente, mostrando a sua face estranha e horrível, deitando por terra tudo o que foi construído…
Um beijo...
aguardo ansiosamente pela rsp a essas prgs deixadas no texto... bj
De
V.A.D. a 25 de Setembro de 2007 às 01:41
As respostas vão surgir, mais inventadas do que sentidas… Não posso adiantar mais; seria mau para o desenrolar da história, eheheheh :-)
Um beijo...
De
Half a 27 de Setembro de 2007 às 14:41
Tanta novidade neste blog!!! :p
O que é a Derrcada do VAD?
Hein???
LOL
Bjcs!
De
V.A.D. a 30 de Setembro de 2007 às 02:19
A "derrocada" é uma pobre incursão no mundo fantástico da ficção científica... :-)
Um beijo...
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