“Subir o rio era o mesmo que viajar para trás, até às primeiras idades do mundo, quando a vegetação transbordava da terra e as árvores reinavam. Uma torrente deserta, um grande silêncio, a floresta impenetrável. O ar era quente, espesso, muito pesado e mole. A luz solar não tinha alegria. Longos troços de rio deserto perdiam-se por lonjuras de enorme sombra. Nas margens de areia prateada, hipopótamos e crocodilos tomavam lado a lado banhos de sol. (…) Uma pessoa perdia-se naquele rio (…) e acabava por julgar-se vítima de um feitiço, isolada para sempre do que até ali conhecera, sei lá onde, muito longe, talvez noutra vida. (…) Era uma vida de silêncio que parecia não ter qualquer paz.”
Excerto de O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, romancista de origem polaca. Nascido em 1857, viveu a traumática experiência da ocupação russa até conseguir a nacionalidade britânica em 1884. Nesta obra, que reflecte o choque entre colonizados e colonizadores, o autor conduz-nos às trevas da selva africana e, simultaneamente, às do coração humano.
Imagem: Zambeze (www.junglephotos.com/africa/afscenery/sunsets/zamsunset.jpg)
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