Agarrei-me desesperadamente ao tronco flutuante de uma enorme árvore, uma ilha de madeira que talvez me permitisse, ainda que por alguns segundos, recobrar o fôlego. Estava esgotado, prestes a desistir; a força da enxurrada havia-me arrastado por centenas de metros, talvez quilómetros, fazendo-me debater incessantemente com a necessidade de me manter à tona. Nem as roupas pesadas nem os fortes redemoinhos daquela massa de água em fúria facilitavam essa tarefa vital, e há limites para a resistência. Respirei profunda e rapidamente, grato por sentir que o coração se acalmava e que o latejar do sangue nas têmporas deixava de se assemelhar a um martelo a bater-me furiosamente na carne. Senti uma forte pancada na zona das costelas; durante alguns instantes, uma sensação de enorme confusão apoderou-se da minha mente. Estava encharcado, mas não havia aquele frio que me enregelava os ossos, nem a permanente desorientação provocada por um voltear contínuo, por uma permanente movimentação sobre aquele louco carrossel feito de água… Outra pancada arrancou-me definitivamente àquele estado indefinido:
- Estás outra vez a ressonar…!
Virei-me para o outro lado e voltei a adormecer. Desta vez, o sono revelou-se sereno: o pesadelo não regressou.
Imagem: Enxurrada (http://users.tinyonline.co.uk/gswithenbank/flood.gif)
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