Trinta e três anos se passaram. O desaparecimento misterioso do ditador fora motivo de regozijo moderado. Há sempre quem se sinta mais ameaçado pela esperança de liberdade do que pela monótona dureza de uma vida agrilhoada. Nas profundezas da mina, a máquina zumbia, alheia a convulsões sociais e a reajustes de poder e, no seu interior, aquela espécie de coma sem sonhos do déspota seguia o seu curso, indiferente à feroz guerra civil que havia eclodido. Múltiplas facções lutavam pelo domínio; usavam de todos os meios para o conseguir e, numa cegueira raivosa, não hesitavam em empregar mísseis nucleares. Um deles, vítima de súbita avaria, despenhou-se e explodiu num local ermo. Toneladas de rocha vaporizada precipitaram-se sobre o olho que contava os dias. Para o computador, o tempo havia parado…
Montanhas nasceram e desfizeram-se em pó, oceanos engoliram continentes inteiros, civilizações ergueram-se e declinaram, incontáveis gerações arrastaram-se penosamente sobre este nosso velho planeta. A própria humanidade tornou-se irreconhecível, à medida que os éons se escoavam. O coração do Culpatu pulsara apenas alguns milhares de vezes…
Imagem: Oceano (www.nhptv.org/natureworks/graphics/ocean.jpg)
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