As décadas arrastavam-se, penosamente, para as gerações que lhe foram sucedendo. Para o Culpatu, enclausurado naquela máquina da eternidade, um século não era mais que um minuto, e a contínua sucessão de dias e noites pouco representava. A câmara selada, construída no interior de uma velha e há muito abandonada mina de tungsténio, garantia-lhe segurança e impunidade. Sistemas complexos, alimentados por energia solar e por um pequeno mas eficaz gerador nuclear, mantinham a temperatura dois graus acima de zero, enquanto válvulas e sensores se encarregavam da atmosfera, garantindo as oitenta partes por milhão de sulfeto de hidrogénio, necessárias à animação suspensa. Nunca a civilização havia assistido a uma tão grande brutalidade por parte de um ditador. As fragilidades do tecido social haviam criado um monstro que não hesitara em se apoderar, a seu bel-prazer, da vida de mil milhões de almas, manipulando-as primeiro e escravizando-as de seguida, até acumular um poder e uma riqueza inimagináveis. Mas não tinha ninguém em quem confiar, e o constante medo de ser traído por quem lhe era próximo, o medo de ser assassinado, o medo da rebelião eminente, o medo levou-o a procurar uma fuga. Mas, para onde? Não havia um único local no velho planeta onde se pudesse esconder. Restava-lhe apenas uma solução: fugir para o futuro para escapar do futuro…
Imagem: Mina (www.chayden.net/Allison98/pic/mar01-018.jpg)
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