“Metade dos passageiros enfraquecidos expirava das angústias inconcebíveis que o balanço de um barco causa aos nervos o outras partes do corpo agitadas em sentidos contrários, e nem sequer tinha forças para se inquietar com o perigo. A outra metade gritava e rezava. As velas batiam, rasgadas, os mastros estalavam e partiam-se, o barco metia água por todos os lados; trabalhava quem podia, ninguém se entendia e ninguém comandava. (…) O caridoso Jacques corre em socorro de um homem em perigo, ajuda-o a subir, e desses trabalhos resulta-lhe cair ao mar mesmo à vista do marinheiro, que o deixa morrer sem sequer o olhar. Cândido aproxima-se, vê reaparecer o seu benfeitor, e vê-o depois sumir-se para sempre. Quer deitar-se à água atrás dele, mas o filósofo Pangloss segura-o, provando-lhe que o porto de Lisboa tinha sido feito expressamente para nele se afogar esse anabaptista.”
Excerto de Cândido, ou o Optimismo, de Voltaire. Poeta, ensaísta, dramaturgo, filósofo e historiador iluminista francês, nascido em 1694, Voltaire foi um crítico severo de um mundo vivido entre as contradições do optimismo e do pessimismo, do bem e do mal, e atacou com veemência todos os abusos de poder. Esta obra é uma sátira que se ergue contra o fanatismo, a intolerância, a ignorância e a injustiça, males que infelizmente continuam a grassar nos nossos dias.
Imagem: Voltaire (www.ocidente.eu/img/voltaire2.jpg)
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