“A memória dos Possessores era vasta, mas não o suficiente para abranger as suas origens. Em determinada altura teriam tido vida própria; havia, porém, uma eternidade, séculos agora incontáveis, que a sua vida estava ligada às vidas, para eles evanescentes, dos Possessos. Sem estes não poderiam agir nem pensar; através deles, eram os senhores deste mundo frio. Ergueram cidades sobre o gelo, manobraram estranhas embarcações através dos vastos desertos de neve, conquistaram, por fim, os gélidos céus nublados. Tudo isto fizeram, vivendo nos corpos dos Possessos a quem, num momento, se uniram, libertando-os do seu primarismo. Não que desprezassem os anfitriões, seus escravos; de certo modo, e tanto quanto o termo pudesse ter algum significado na sua experiência, gostavam deles.”
Excerto de Os Possessores, de John Christopher, um dos sete heterónimos de Samuel Youd, escritor inglês de ficção científica, nascido em 1922. Muitos dos seus romances abordam o tema dos eventos catastróficos, na linha de autores como H.G. Wells ou john Wyndham. Colocando o homem comum face a desastres de grande magnitude, geradores de severos problemas para a sociedade e para o mundo, explora a forma como ele e o grupo em que se insere lidam com mudanças radicais. Em Os Possessores, Christopher toca num dos medos mais antigos do Homem: a possessão. Fá-lo, contudo, sob uma perspectiva totalmente diferente da habitual. Não são demónios ou espíritos os responsáveis pela intrusão no corpo e na mente do hospedeiro, mas sim seres materiais, de origem extra-terrestre, que evoluíram no sentido da aquisição dessa capacidade e que, ao fim de incontáveis gerações, dependem em exclusivo dela para a sobrevivência da espécie.
Imagem: Possessão (www.vademecum.com.br/er/PosessaoThumb.jpg)
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