“Foi então que vi a jovem. Estava junto à porta, a não mais de três metros de distância, a falar com o gerente. Eu nunca a tinha visto. Tinha a certeza disso, mas o meu subconsciente disse-me que a conhecia. Ela tinha olhos grandes, escuros, bem colocados no tipo de rosto oval que os mestres flamengos punham somente nos anjos mais belos. Os cabelos dela eram escuros, de cor indeterminada sob a luz mortiça do café, dobravam-se suavemente sobre o pescoço e os ombros e desciam até rodear-lhe o fundo das costas. Estava vestida com uma espécie de túnica que tornava terrivelmente feminina a sua figura arrapazada. Ao fim de alguns minutos soube de onde a conhecia. Na minha juventude, durante um extenso período de leitura de literatura romântica, eu salvara aquela garota de tudo, desde cavaleiros maldosos até dragões terríveis em muitos sonhos meio recordados. Aquela era a rapariga que falava aos unicórnios; o símbolo da pureza e graça que eu jurara servir quando fizera os meus votos de lealdade e ficara de vigília com a minha espada durante uma longa noite. (…) Aquela era a rapariga dos meus sonhos.”
Excerto de A Teia do Tempo (The Unicorn Girl, no original), de Michael Kurland, escritor norte-americano nascido em 1938. Esta é uma obra invulgar no domínio da ficção científica, pelo seu humor e fina crítica social. Mas é também um dos trabalhos mais profundos que têm sido escritos sobre a possibilidade da existência de trilhos temporais alternativos.
Imagem: Ampulheta (www.oraculartree.com/spagnollo_Ampulheta.jpg)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. O horizonte de eventos e ...
. Blogs
. Abrupto
. Feelings
. Emanuela
. Sibila
. Reflexão
. TNT
. Lazy Cat
. Catinu
. Marisol
. A Túlipa
. Trapézio
. Pérola
. B612
. Emanuela
. Tibéu
. Links
. NASA