"O duende das traves observava o monge que se escondia e que espiava o estudioso. O duende odiava o monge e tinha razões para o odiar. O monge não odiava ninguém e não gostava de ninguém; era um homem pleno de preconceitos e ambições. (...) A hora era tardia e na biblioteca fizera-se silêncio. Em qualquer parte, um rato mordiscava furtivamente. A vela, pousada na secretária sobre a qual o estudioso dobrava as costas, pingava e ardia já no fim. O estudioso pegou no manuscrito e meteu-o dentro da camisa. Fechou o livro e colocou-o de novo na estante. Apagou a vela com os dedos. Um luar pálido, que passava através das altas janelas e quase alcançava as traves, iluminava o interior da biblioteca com uma radiação fantasmagórica."
Excerto de O Outro Lado do Tempo, de Clifford D. Simack, um dos autores de ficção científica mais traduzidos na nossa língua. As suas obras caracterizam-se por uma visão muito peculiar da sociedade, voltada menos para a ciência do que para o homem e para todas as criaturas. Por vezes parece enveredar pela fantasia, mas apenas para explorar melhor, de uma maneira profundamente filosófica, uma das teses clássicas da ficção científica: o mundo impossível tornado possível. É o que acontece nesta obra, com a criação de um mundo que todos dirão imaginário mas que bem podia ser paralelo ao nosso.
Imagem: Mosteiro de Sant Pere de Rhodes, Catalunha
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