"Trombetas soaram em diversos tons. Apareceu à distância uma procissão de nobres de roupas limpas e cabelo cortado curto à maneira romana, porque aquela cidade era tão romana quanto grega. Todos vestiam sedas alvas...importadas, com grandes despesas, por intermédio de caravanas vindas da China. Os bizantinos ainda não tinham conseguido roubar o segredo do seu fabrico. E o sol do fim da tarde, incidindo nas esplêndidas túnicas num ângulo agudo, conferia à procissão um tal brilho de beleza, que mesmo Capristano, que já anteriormente assistira a tudo aquilo, se mostrou comovido. Muito lentamente, os altos dignatários avançavam e a sua passagem demorou cerca de uma hora. Chegou o crepúsculo. A seguir aos sacerdotes e duques de Bizâncio, vieram as tropas imperiais, transportando velas acesas, que cintilavam no crescente entardecer, como se fossem uma infinidade de estrelas. A seguir, mais padres, trazendo medalhões e ícones e depois um príncipe de sangue real, com o risonho e rechonchudo infante, que viria a ser o poderoso imperador Teodósio II. Depois, o próprio Imperador , Arcádio, envergando a púrpura imperial. O imperador de Bizâncio! Repeti mil vezes as palavras para mim mesmo. Eu, Judson Daniel Elliot III, ali de pé , sob o céu bizantino de 408 D.C...."
Excerto de O Correio do Tempo, de Robert Silverberg, um extraordinário romance sobre viagens temporais e os seus paradoxos, e onde são apresentadas interessantes e muito precisas descrições de factos e costumes da História antiga.
Imagem: Moeda bizantina
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