Situada a oeste do delta do rio Nilo, nas margens do Mediterrâneo, a cidade de Alexandria foi fundada em 332 a.C. por Alexandre, O Grande. Após a derrota dos persas em Issus, a tomada de Damasco, Tiro e Gaza, o Egipto entregou-se sem luta. Ptolomeu, um dos generais de maior confiança de Alexandre, foi empossado como governador do novo território e viria a tomar o título de rei em 305 a.C., instituindo então o culto dinástico do rei-salvador (Sóter), de acordo com a tradição dos faraós egípcios. Recusou pagar tributo ao rei da Macedónia, sucessor de Alexandre, e fundou um império poderoso que, embora sem conquistas territoriais, manteve um reconhecido esplendor económico e cultural. Um dos actos mais marcantes de Ptolomeu I Sóter foi a criação, em 294 a.C., de um centro de estudos, chamado Museu, ou Templo das Musas, por sugestão de Demétrio de Falero, um exilado político ateniense que tinha sido recebido de braços abertos na corte do monarca. Assim, o primeiro museu do mundo, mais do que um depósito de objectos preciosos, era uma escola. Pela primeira vez na História, o estado reunia e mantinha, por vontade própria, uma corporação laica de sábios e artistas, associados para estudar e ensinar. Embora o museu e depois a biblioteca fossem instituições reais, gozavam de uma completa autonomia nas suas funções. Os membros desta academia vinham a Alexandria convidados pelo monarca e recebiam uma remuneração estatal. Devido à concentração de numerosos especialistas, a vida científica tornou-se intensa em muitos campos, desde a matemática à ciência literária, passando pela astronomia, pela medicina, pela geografia e por tantas outras áreas do conhecimento. Durante cerca de sete séculos, o museu e a biblioteca de Alexandria reuniram o maior acervo de cultura e ciência que existiu na antiguidade.
Imagem: Biblioteca de Alexandria (www.deltatoursegypt.com/tours/3.jpg)
Um dia, talvez ainda na primeira metade deste século, um astronauta levantará a protecção do seu capacete espacial e, contra o céu rosado de Marte, ficará extasiado perante a majestosa beleza do Monte Olimpo. Na Terra, a mitológica montanha que também tem este nome foi a morada dos antigos deuses gregos. Mas o Olimpo terrestre, que Heródoto invocou mais de uma vez para a protecção dos seus heróis, é uma elevação modesta, durante boa parte do tempo oculta por nuvens, como se os deuses se tentassem abrigar da curiosidade humana. O Olimpo marciano é a maior elevação do Sistema Solar. O seu sopé estende-se por mais de meio milhar de quilómetros e o cume projecta-se, num céu sem nuvens, a 25 quilómetros de altura, três vezes mais alto que o Everest. É o cone de um gigantesco vulcão que se exauriu com a morte geológica do planeta. Mas a vontade e o engenho humanos não morrem; impulsionam-nos para além das fronteiras do nosso pequeno mundo azul, em busca de novos desafios. O Homem olha para a imensidão do espaço e sonha com a sua conquista.
Imagem: Monte Olimpo (www.hcc.hawaii.edu/~pine/OlyMons.jpg)
E eu, poeira das estrelas, animado pelo sopro da vida, sou prisma, sou difracção. Sou realidade, sou pensamento, sou ilusão. Sou átomo de energia, sou a espuma do Universo, a energia feita matéria. Sou química e biologia, sou tristeza e alegria, estátua sólida e imagem etérea. Sou nada e sou tudo, sou rastejante e elevado. Sou cruel e complacente, criador e indiferente, uniforme e alterado. Relampejar de emoções, espelho de racionalidade, alma complexa ou mente simples. Luz crua ou noite sombria, divagação de alguém ou abstracção vazia...
Embora os placebos sejam apenas falsos remédios, os benefícios que o paciente acredita receber parecem ser mais do que ilusões. Os placebos têm também um efeito fisiológico, além do efeito psicológico que lhes era reconhecido. Neurologistas das universidades do Michigan e de Maryland injectaram água salina nos músculos do maxilar de voluntários jovens e saudáveis do sexo masculino, a fim de causar dor. Em seguida, disseram-lhes que gotas intravenosas de sal eram anestésicas e pediram-lhes que relatassem as eventuais alterações na intensidade da dor. Tomografias do cérebro revelaram que as áreas neurais associadas às reacções de dor, stress, recompensa e emoção libertaram endorfina, um analgésico natural que se comporta como opiáceo. Esta reacção do organismo ocorreu ao mesmo tempo que os voluntários relataram a diminuição da intensidade da dor e do desconforto. Estão planeados novos testes envolvendo voluntários do sexo feminino e pacientes que sofrem de dores crónicas.
Imagem: Dor (www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/dor.gif)
Fontes: Sci-Am, Journal of Neuroscience
"Percebi que me encontrava sobre um pequeno grão de rocha e metal, envolto em água e ar, a rodopiar entre a luz e a escuridão. À superfície desse pequeno grão, multidões de homens, geração após geração, tinham vivido entre trabalhos e cegueiras, interrompidos ocasionalmente por momentos de alegria e de lucidez. E toda a sua história, com as suas peregrinações, impérios, filosofias, o orgulho das suas ciências, as suas revoluções sociais, o seu anseio cada vez maior de harmonia, não passava de uma cintilação num dia da vida das estrelas."
Excerto de Star Maker, de Olaf Stapledon, publicado em 1937. Filósofo e escritor inglês, Stapledon iniciou a sua carreira literária com a publicação de uma obra no âmbito da filosofia, denominada A Modern Theory of Ethics, mas depressa se virou para a ficção científica, de forma a poder apresentar as suas ideias a um público mais vasto. Os seus trabalhos viriam a ter influência directa sobre escritores e cientistas como Arthur C. Clarke, Brian Aldiss, Stanislaw Lem, Freeman Dyson e tantos outros nomes célebres. Nas suas obras, são muitas vezes retratados os vãos esforços da inteligência humana no sentido de abarcar um universo majestosamente vasto e indiferente à insignificância do Homem.
Imagem: Terra (www.esa.int/images/400_planet_earth.jpg)
"Escondidos sob frondosos montados de azinheiras e sobreiros, ou espreitando por cima de campos de seara, mais de meio milhar de antas e uma vintena de menires guardam as lendas, os sonhos e as angústias das primeiras comunidades de pastores e agricultores, que há mais de cinco mil anos os ergueram"
Os megálitos (do grego mega, grande, e lithos, pedra), apesar do seu nome, não englobam somente enormes construções de pedra, mas também edifícios de pedra e terra ou de madeira e terra, denominadas megaxylon. Foram construídos com diversas formas: circulares, como túmulos rectangulares alongados com câmaras sepulcrais, as antas, em círculos de pedra ou madeira, chamados cromeleques, e também assumindo a forma de enormes pedras fincadas verticalmente no terreno, conhecidas por menires. A construção de grutas artificiais (tholoi), ou a utilização de grutas naturais para a concretização de cultos funerários é também uma característica deste fenómeno cultural do período Neolítico. Na Europa, os megálitos mais antigos datam do quinto milénio A.C., e a sua natureza é difícil de definir. Ainda se discute se o megalitismo tinha conexão apenas com o culto dos mortos, ou se implicava também alguma crença no além, ou se representaria alguma forma de religiosidade baseada na Natureza e na astronomia. De qualquer maneira, dele comungaram culturas amplamente separadas no espaço e tendo, de resto, bem pouco em comum. A cultura campaniforme, por exemplo, que construiu os megálitos da Europa Central, era desconhecida nas regiões ocidentais do continente onde, nessa mesma época, estavam em desenvolvimento outras culturas megalíticas. O megalitismo espalhou-se muito rapidamente, o que demonstra que na altura as comunicações entre grupos humanos eram mais dinâmicas do que se julgava possível até há um tempo atrás. Das ilhas do Mediterrâneo, da península Ibérica e da França, alcançou as Ilhas Britânicas, e difundiu-se para o leste, a partir do seu centro atlântico. Se se tratou da simples difusão de uma ideologia ou se, para além disso, comportou também movimentos de populações, é uma questão que ainda espera resposta.
Imagem: Stonehenge (http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod/image/0606/stonehenge_strasser_big.jpg)
Se o corpo humano pudesse ser colocado num estado de animação suspensa, as implicações para a medicina seriam enormes. Alguns órgãos humanos destinados ao transplante, como o coração e os pulmões, podem sobreviver fora do corpo por apenas seis horas. Outros, como pâncreas e os rins, não aguentam mais do que um dia. O sucesso da transferência de órgãos depende da velocidade, e em alguns casos órgãos com potencial de transplante são descartados simplesmente por não haver tempo suficiente para transportá-los. Se pudessem ser colocados num estado de animação suspensa, a sua viabilidade poderia ser preservada por dias ou semanas. As equipas de emergência poderiam também usar esta técnica para dar mais tempo aos feridos em estado crítico, de forma a prevenir a deterioração dos tecidos enquanto os médicos não reparassem os danos sofridos por eles. Recentes estudos no Centro de Pesquisa do Cancro Fred Hutchinson em Seattle, têm mostrado que estados semelhantes à hibernação podem ser induzidos em animais que não hibernam naturalmente. Os resultados levantam a possibilidade de que a animação suspensa seja viável também em humanos. De facto, os métodos usados para o efeito sugerem que esta capacidade está latente em muitos organismos, por meio de um mecanismo com raízes nos primeiros dias da vida microbiana terrestre.
Imagem: Animação Suspensa (www.scienceollze.com/0507/images/0507_01.jpg)
Fontes: Sci-Am, BBC News-Science-Nature
A ideia surgiu-me de uma conversa, assaz interessante, sobre alguns comportamentos humanos. De imediato, vieram-me à mente passagens de um livro que li há algum tempo, no qual uma das partes tem como título Esta Época Não Científica. Vivemos numa época em que o conhecimento é muito mais vasto e muito mais acessível do que aquele de há, por exemplo, um século atrás. Aquilo a que chamo conhecimento deve-se exclusivamente à ciência e às suas diversas vertentes, sejam elas de índole social, natural ou aplicada. A ciência não é dogmática; está em mudança permanente e em actualização constante, e não pretende responder a todas as questões. Nem mesmo a ciência pura pode produzir verdades absolutas e inquestionáveis. Mas só a ciência produz modelos úteis da realidade. É óbvio que o mundo é muito mais do que a realidade científica. Nas artes, nos prazeres humanos, nas brincadeiras, e em tantos outros aspectos da vida, não há necessidade nem razão para se ser científico. Mas, e afirmo-o sem rodeios, às vezes parece-me que estamos, enquanto sociedade, a regredir. Quando a astrologia é encarada por tantas pessoas como um guia a ser usado no dia-a-dia; quando o criacionismo ganha um peso inusitado além-mar; quando os fundamentalistas matam e matam-se em nome de um deus que só pode ser insensível e desumano; quando nos deixamos iludir tão facilmente por publicidades enganosas, sejam elas de cariz político ou comercial; quando fazemos de questões, supostamente desportivas, guerras tribais; quando a violência é cada vez mais o método usado para impor doutrinas; quando procuramos refúgio na religião, mas descuramos completamente a ética, creio que a racionalidade e a maturidade, que seriam de esperar de uma espécie que se diz inteligente, estão longe de estar consolidadas. Parece-me até que as trevas estão a ameaçar, e isso assusta-me. E não me assusto facilmente.
"Para se proteger das sereias, Ulisses entupiu os ouvidos com cera e ordenou que o amarrassem ao mastro. Naturalmente que qualquer viajante que por ali passara até então poderia ter feito algo semelhante, excepto aqueles que as sereias atraíam já à distância. Contudo, é bem sabido no mundo inteiro que estes expedientes não ajudam em nada. O canto das sereias atravessa tudo e a paixão dos seduzidos é capaz de vencer obstáculos bem mais fortes do que correntes e mastros. Mas Ulisses não pensou em nada disso. Confiou então completamente num punhado de cera e num molho de correntes e, depositando no seu pequeno estratagema uma alegria inocente, navegou ao encontro das sereias. Só que agora, as sereias têm ainda uma arma mais aterradora do que o canto, e esta é o silêncio. Nunca aconteceu, mas é concebível que alguém conseguisse salvar-se do canto das sereias, mas certamente que não do silêncio. (...) E, de facto, quando Ulisses chegou, as poderosas cantoras não cantaram, seja porque acharam que este homem só podia ser vencido pelo silêncio, seja porque a expressão de felicidade no rosto de Ulisses, que não pensava em nada senão na cera e nas correntes, as fez esquecer o canto. Ulisses, contudo, não lhes ouviu, por assim dizer, o silêncio. Julgou que elas cantavam e que ele era o único que não as escutava. (...) As sereias, no entanto - mais belas do que nunca - voltavam-se na direcção dele. (...) Já não queriam seduzir, queriam apenas guardar o máximo que pudessem do brilho irradiado pelos grandes olhos de Ulisses."
Excerto de O Silêncio das Sereias, de Franz Kafka. Escritor checo de língua alemã, é sem dúvida um dos maiores nomes da literatura universal. Autor de obras sobejamente conhecidas como O Processo, ou O Castelo, usa de uma escrita concisa, mas muitas vezes densa, para exprimir a sua visão de um mundo cheio da burocracia, muitas vezes absurda e totalitária, que envolve a vida humana e que a prende irremediavelmente a uma estagnação desnecessária.
O Silêncio das Sereias insere-se numa colectânea denominada Contos, talvez a melhor forma de se entrar no universo deste escritor.
Imagem: The Mermaid and the Sailors (http://imagecache2.allposters.com/images/pic/PODP/10243~The-Mermaid-and-the-Sailors-Posters.jpg)
"O pensamento é difícil de conter, leve, correndo para onde lhe agrada."
Gautama Buda, em o Dhammapada
O poder de sonhar e de estar alerta, a capacidade de idealizar e de compreender, a aptidão de calcular e de antever, a habilidade de criar e de apreciar, a faculdade de divagar e de analisar... Talvez mais do que qualquer outra maravilha do Universo, é assombrosa a acção da mente, até quando conduz os meus dedos, à medida que para aqui transcrevo os meus pensamentos, nela e por ela gerados. A mente trazuz raciocínios em palavras e ordena-as em frases que podem ser lidas, interpretadas e entendidas. São transmitidas opiniões, sensações, experiências, teorias e divagações, próprias de quem grafa, mas partilhadas, aceites ou refutadas, interessantes ou superficiais. A mente desenvolveu uma forma de se comunicar com outras mentes distantes no tempo; recusa os limites do imediato. Não quer estar enclausurada num espaço restrito, quer horizontes mais largos. Busca a interacção e cria meios para a atingir. Não se imobiliza; age e evolui.
Imagem: Mente (www.yogavasistha.com/_derived/mind.htm_txt_pool.gif)
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