Domingo, 17 de Dezembro de 2006

A causa e o acaso - parte 1

Porquê? Porque. O efeito e a causa. Eis um par que tem dado as suas provas. Desde a Grécia antiga (e talvez muito antes...) que serve de base à filosofia e à ciêcia. Observam-se os fenómenos, supõe-se que deve haver uma causa e procuramos identificá-la. A ideia de causalidade impõe-se pela sua riqueza e utilidade e tem sido verificada com o uso. Ensina-nos que a realidade não é o caos completo, que nem tudo é deixado ao acaso e que existe uma certa determinação nas coisas. Até onde vai essa determinação? O Universo revelar-se-á completamente determinado até aos mais ínfimos pormenores? Os físicos do século XIX teriam respondido "sim" a estas perguntas. Num célebre texto, Laplace escreveu: "Nós devemos encarar o estado presente do universo como o efeito do seu estado anterior e como a causa daquele que vai seguir-se. Uma inteligência que conhecesse todas as forças de que a natureza está animada, e a situação respectiva dos seres que a compõem, se tivesse, além disto, a capacidade para submeter estes dados à análise, abarcaria na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e os do mais leve átomo: nada seria incerto para ela e tanto o futuro como o passado estariam presentes aos seus olhos." Este sonho de Laplace, sabemo-lo hoje, nunca será realidade.

Imagem: Incerteza

Fontes: Um  pouco  mais  de azul, de  Hubert Reeves ( Edições Gradiva), Cabrera Weblog:  http://www.juancabrera.net/?p=33


publicado por V.A.D. às 23:11
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Sábado, 16 de Dezembro de 2006

As dimensões do Universo

O Cosmos tem dimensões dificilmente imagináveis pelo Homem, que utiliza unidades de medida demasiado pequenas para poderem ser aplicadas às distâncias usuais em astronomia. O Universo é finito mas ilimitado e enormes são as distâncias entre objectos celestes. Quem já não ouviu falar em anos-luz? Um ano-luz é o espaço que a luz percorre num ano, e tendo em conta que a velocidade da luz é de 300000 km por segundo, o ano-luz equivale a 9460990821000 km, ou seja, 63240 unidades astronómicas ( UA ). A unidade astronómica é utilizada somente para medir distâncias no Sistema Solar, equivale a 150 milhões de quilómetros, e representa a distância média da Terra ao Sol: 8 minutos-luz... A estrela mais próxima do Sol é a Alfa Centauro, situada a 4,24 anos-luz, seguida de Sírio, a 9 anos-luz e a Estrela Polar está a 300 anos-luz. A galáxia mais próxima da Via Láctea é a Andrómeda, a 2,2 milhões de anos-luz... É usada uma outra unidade, chamada parsec, que representa a distância a que se encontra um astro cuja paralaxe anual é de um segundo (1") de arco. Equivale a 3,26 anos-luz ou a 206265 unidades astronómicas. Dígitos em demasia? O Universo é mesmo assim.

Imagem: Andrómeda

Fontes: História Universal (Público), Caltech ( www.srl.caltech.edu )


publicado por V.A.D. às 01:55
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Sexta-feira, 15 de Dezembro de 2006

O Clima e os Oceanos - parte 3

O aquecimento global pode provocar um derretimento assustador dos gelos do Ártico, levando a que uma maior quantidade de água doce se junte à água do mar. A diminuição da salinidade no Mar do Norte pode ter um efeito devastador, na medida em que uma menor salinidade significa menor densidade. A Corrente do Golfo deixa de poder afundar tão a norte e passará a fazê-lo em latitudes mais meridionais, tornando-a instável e eventualmente levando-a a parar por completo. Isto traria concerteza consequências drásticas: em poucos anos, até talvez em menos de uma década, a temperatura média da Europa Ocidental desceria 5ºC, o que significaria a chegada abrupta de uma brutal glaciação. Poderíamos encontrar o clima de Oslo em Lisboa. Parece paradoxal que o aquecimento global possa acelerar um fenómeno local que é, aliás, inevitável a nível global. A sequência de Idades do Gelo de 90000 anos de duração, seguidas de épocas inter-glaciais de 10000 anos é conhecida e está devidamente provada. O tempo desta inter-glaciação está esgotado, aliás, está já ultrapassado...

Imagem: "Neve"

Fontes: "O Clima no Futuro" de John Gribbin, BBC, Science & Vie, ScienceDaily


publicado por V.A.D. às 00:54
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Quarta-feira, 13 de Dezembro de 2006

O Clima e os Oceanos - parte 2

Como qualquer corrente oceânica, a Corrente do Golfo é gerada por padrões de vento à superfície, e diferenças na densidade da água. A água superficial, quente e menos salgada, por isso menos densa, parte do golfo do México em direcção a nordeste, e à medida que a latitude vai aumentando a libertação de calor para a atmosfera faz com que diminua de temperatura. No ártico, os ventos frios e o contacto com os gelos arrefece-a ainda mais, adensando-a, até que a própria corrente afunda. A água, agora mais fria, inverte o seu sentido de deslocação, e acaba por se dirigir para sudoeste, a grandes profundidades, indo repôr a massa de água quente em deslocação para nordeste. Imaginemos este mecanismo como uma enorme corrente de transmissão, movendo-se a uma velocidade de cerca de 4 km por hora e deslocando 74 milhões de metros cúbicos de água por segundo... A Corrente do Golfo faz com que por exemplo a Grã-Bretanha tenha uma temperatura média superior em cerca de 9 graus em relação à Terra Nova, à mesma latitude. A Noruega sem corrente do golfo seria tão inóspita quanto a Gronelândia.

Fontes: ver post anterior

Imagem: "Gulfstream"


publicado por V.A.D. às 01:07
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Segunda-feira, 11 de Dezembro de 2006

O Clima e os Oceanos - parte 1

Os oceanos desempenham um papel vital no trabalhar da máquina do tempo. Afinal, a atmosfera está realmente em contacto com a água, e não com a terra, em mais de 72 por cento da superfície do globo. A circulação da atmosfera é empurrada pelo calor, mas a quantidade de energia térmica armazenada numa coluna de ar que se estende desde a superfície até à orla do espaço é apenas equivalente à quantidade de energia térmica numa coluna semelhante¹ de água que se estende da superfície do mar até uma profundidade de apenas três metros. É o oceano, muito mais que a terra, o armazém inicial da energia solar, libertada posteriormente para a base da atmosfera. Os climas temperados são moderados pela influência do mar a oeste, e o clima de toda a Terra é protegido pela acção moderadora do fornecimento de calor oceânico. O sistema de circulação de grandes correntes é fundamental para o estabelecimento do padrão climático existente, pois a movimentação de águas quentes à superfície actua directamente sobre a temperatura atmosférica. Uma dessas grandes correntes é a chamada Corrente do Golfo, que transporta água quente para norte, desde o golfo do México até à Escandinávia. Toda a Europa Ocidental se encontra sob a sua influência.

Nota¹ : Considera-se igual a área da base das colunas

Fontes: "O Clima no Futuro" de John Gribbin, 

            BBC (http://www.bbc.co.uk/climate/)

Imagem: www.qualitaly.com/allegati/


publicado por V.A.D. às 01:19
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Domingo, 10 de Dezembro de 2006

O Universo e a Vida

Charles Darwin escreveu: "Como todas as formas vivas de vida são descendentes lineares daquelas que viveram antes da época cambriana, podemos estar seguros de que a sucessão por geração jamais foi interrompida... Assim, podemos olhar com alguma confiança para um futuro seguro de grande duração". Mas o Sol irá, numa certa época, esgotar o seu combustível, e a vida, como a conhecemos na Terra, deixará de ser possível. Os nossos descendentes, espalhados pelo Universo, saberão encontrar novos lares, da mesma forma que os nossos ascendentes souberam colonizar quase todos os recantos do nosso planeta. A morte e o mal, a aflição e a dor provavelmente subsistirão, mas esperamos que em algum lugar os nossos descendentes sobrevivam. Ou talvez não. As observações cosmológicas sugerem que o Universo continuará a expandir-se para sempre. À primeira vista, a expansão eterna não é motivo para péssimismo; o que poderia impedir uma civilização muito desenvolvida de explorar os infindáveis recursos para sobreviver eternamente? Até agora, a vida floresceu graças à energia e à informação. Argumentos científicos sugerem que somente uma quantidade finita de energia e de informação pode ser acumulada num periodo de tempo, ainda que infinito. Conclui-se que, nessas condições, nenhuma forma significativa de consciencia poderia existir para sempre. A vida, tal como a conhecemos, depende das estrelas. Mas as estrelas morrem inevitavelmente e a sua taxa de nascimento declinou dramaticamente desde o Big Bang, e um dia, inevitávelmente, a ultima estrela apagar-se-à. Mesmo antes de isso suceder, conforme o Cosmos aumenta em tamanho, diminui a densidade média das fontes de energia. Com a duplicação do raio do Universo, a densidade média dos átomos diminui oito vezes. Para as ondas de luz, a diminuição é ainda mais acentuada: a densidade da sua energia cai 16 vezes, pois a expansão faz aumentar o comprimento de onda, consumindo a sua energia. Poderá uma civilização reunir em tempo útil recursos cada vez mais dispersos...? A eternidade para o Homem talvez nunca tenha podido existir.

Fonte: Scientific American


publicado por V.A.D. às 02:42
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Sexta-feira, 8 de Dezembro de 2006

Longevidade - parte 2

A imortalidade é algo a que não devemos aspirar, mas estamos a passar por uma importante revolução científica na compreensão do envelhecimento. O nosso tempo máximo de vida pode ter sido estabelecido pela evolução, porque nenhuma criatura precisa de viver para além dos seus anos reprodutivos. Quando um animal se reproduz cumpre o destino biológico de passar adiante os seus genes. De um modo geral, os seres humanos escapam a este contrato aparentemente cruel por duas razões fundamentais: não temos predadores naturais, e a evolução achou benéfico haverem avós que auxiliem na criação dos netos. Somos, talvez por isso, uma das espécies mais longevas do planeta. Mas... até que idade poderíamos viver? Hayflick ¹ acredita que o tempo limite da vida humana pode ser fixado pelos genes em cerca de 125 anos. Os genes são as unidades fundamentais da hereditariedade e estão reunidos nos cromossomas. Quando uma célula se divide, quer para fazer crescer o tecido, quer para substituir uma célula senescente, os cromossomas são divididos em duas partes iguais. Nas suas extremidades existem umas estruturas, constituidas por fileiras repetitivas de proteína e ADN não codificante, chamadas de telómeros, que têm por função proteger o cromossoma e assegurar que a informação genética seja total e perfeitamente copiada aquando da duplicação celular. De cada vez que a célula se divide, os telómeros são ligeiramente encurtados. Como não se regeneram, ao fim de cerca de 50 divisões celulares deixam de permitir a correcta replicação dos cromossomas e a célula perde a sua capacidade de divisão, deixando de haver renovação dos tecidos. Os telómeros, que aparecem como pontos brilhantes na imagem acima, podem ser os relógios moleculares do organismo.

Fontes: Sci-Am Brasil, Wikipédia, http://www.senescence.info/cells.html (¹)

Imagem: http://www4.utsouthwestern.edu/cellbio/shay-wright/intro/gallery/pna20fish.jpg


publicado por V.A.D. às 23:26
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Longevidade - parte 1

"Todos os homens desejam viver muito tempo, mas nenhum quer ficar velho", escreveu Jonathan Swift. Culturas de todas as épocas sonharam adiar o envelhecimento para prolongar a vitalidade e a própria vida. Hoje em dia, dietas macrobióticas, práticas hindus recicladas, lançamentos do mercado paralelo de terapias hormonais e outros tipos de charlatanismo continuam a insuflar as chamas da esperança. Todas estas tentativas de recuperar ou de manter o vigor da juventude têm apenas uma coisa em comum: o fracasso. Nos últimos 120 anos, medidas sanitárias e drogas que combatem doenças infecciosas elevaram a esperança média de vida nos países desenvolvidos. Mas nada disto adia ou retarda o processo interno que faz com que se envelheça. No entanto, isto não significa que será eternamente impossível adiar o envelhecimento. Desde 1980, pesquisadores conseguem realizar essa proeza em animais, mas com métodos que não podem ser aplicados a humanos. Ainda não. Para isso, precisam de compreender muito melhor os processos fisiológicos por detrás do envelhecimento, de forma a tornarem possível a extensão da vida.

Fontes: PortalCiencia, Sci-Am Brasil

Imagem: "ADN"


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Quarta-feira, 6 de Dezembro de 2006

Evolução

"Quando deixarmos de olhar para um ser orgânico tal como um selvagem olha para um navio, ou seja, como algo que ultrapassa a sua compreensão, quando encararmos todos os produtos da Natureza como possuidores de um longo historial, quando considerarmos cada estrutura e instinto como a súmula de muitos processos, todos eles úteis ao seu possuidor, da mesma forma que cada grande invenção mecânica é a súmula do labor, experiência, raciocínio e até erros crassos de numerosos trabalhadores, quando, pois, assim encararmos cada ser orgânico, quão muito mais interessante se tornará o estudo da história natural!"

Charles Darwin , em A Origem das Espécies


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Terça-feira, 5 de Dezembro de 2006

Déjà vu

Emile Boirac, estudioso francês dos finais do século IX foi o responsável pela denominação desta estranha sensação que 80% das pessoas já experimentaram. Ao passear pela rua, ao olhar uma paisagem, ao ouvir uma música, nunca lhe sucedeu ter a impressão desconcertante de já ter vivido aquela sensação, de já ter visto aquela imagem? Normalmente um déjà vu dura apenas uns breves instantes, mas quase sempre tem um efeito duradouro, talvez por gerar uma certa intranquilidade: é interrompida a ordem cronológica; de repente o passado torna-se presente, e o presente torna-se passado. Tenta-se definir "onde e quando" aquilo já nos aconteceu, mas quanto mais se insiste, quanto mais nos esforçamos por agarrar a "recordação", mais indistinto e ténue se torna o evento... Uma possível explicação para este fenómeno reside numa momentânea alteração da memória: por um erro, os circuitos neurais responsáveis pelas recordações são activados em tempo indevido, havendo então uma sobreposição daquilo que é a realidade temporal e de uma memória, falsa, até então inexistente. Inquestionável é a complexidade do cérebro humano...


publicado por V.A.D. às 02:00
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