O nome do mês de Janeiro tem origem no nome do Deus romano Jano, o porteiro celestial possuidor de duas faces opostas, uma enfrentando o passado, outra o futuro. A comemoração ocidental do Ano Novo neste mês tem origem num decreto do governador romano Júlio César, datado de 46 A.C., que tinha por fim instituir um novo calendário, elaborado segundo as indicações do astrónomo Sosígenes de Alexandria. Com a entrada em vigor deste decreto, passaram a haver doze meses em lugar dos treze anteriores, e estabeleceu-se que o numero de dias de um ano comum seria de 365 mas que teria que haver um ano bissexto de quatro em quatro anos. O ano mudava no dia da primeira lua nova após o solstício de Inverno, que no hemisfério norte ocorre a 21 de Dezembro. Posteriormente foi estabelecido que o início do ano seria 11 dias após o referido solstício. O calendário juliano vigorou durante 16 séculos, tendo sido substituido pelo calendário gregoriano em 24 de Fevereiro de 1582.
Estamos quase num Novo Ano. Deixo a todos quantos por aqui passam os meus sinceros votos de que 2007 seja de facto um ano extraordinário.
Imagem: Ano Novo (www.saberweb.com.br/datas_comemorativas/images/ano-novo.jpg)
Há um gene nas células do nosso corpo que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da espinal medula. Pertence à Universidade de Harvard. Um outro gene é responsável pela produção de uma proteína usada pelo virus da hepatite A para se agarrar às células. O Departamento de Saude e Serviços Humanos dos E.U.A. detém a patente desse gene. A Incyte Corporation patenteou o gene de um receptor de histamina, o composto libertado pelas células durante a estação da febre dos fenos. Cerca de metade dos genes relacionados com o cancro estão patenteados. Em meados do ano transacto, 4382 dos 23618 genes registados estavam patenteados. Só a Incyte Corporation é proprietária de quase 10 por cento do genoma humano. Isto é bizarro, anti-natural e preocupante, para não dizer completamente absurdo. Como é possível que se permita patentear algo que a natureza fez? Como é possível que que algo tão importante como a base da vida seja tratado como mera propriedade intelectual? Estaremos todos loucos, ou estarão as grandes companhias e entidades ligadas à medicina a tentar enriquecer à custa de todos?
Fonte: Scientific American, Fevereiro de 2006
Imagem: ADN www2.ac-lyon.fr/enseigne/biologie/ress/logiciel/ana_ras/adn.gif
"A palavra emoção traz em geral à mente uma das seis emoções ditas primárias ou universais: alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão, (...) mas é importante notar que existem muitos outros comportamentos aos quais tem sido atribuído o rótulo «emoção». Nestes incluem-se as chamadas emoções secundárias ou sociais, tais como a vergonha, o ciume, a culpa ou o orgulho; e as que denomino emoções de fundo, tais como o bem-estar ou o mal-estar, a calma ou a tensão. O rótulo emoção também tem sido aplicado a impulsos e motivações e a estados de dor e prazer. (...) As emoções são conjuntos complicados de respostas químicas e neurais que formam um padrão; todas as emoções desempenham um papel regulador que conduz, de uma forma ou de outra, à criação de circunstâncias vantajosas para o organismo que manifesta o fenómeno.(...) As emoções são processos biológicamente determinados, dependentes de dispositivos cerebrais estabelecidos de forma inata e sedimentados por uma longa história evolucionária."
António Damásio em O sentimento de Si (Publicações Europa-América)
Negar as emoções é negar a própria existência. Emocionemo-nos quando assim tem que ser!
Imagem: Hell www.jshaposka.com/
Irrita-me a necessidade que algumas pessoas têm de levantar a voz. Talvez de outra forma ninguém as ouvisse, tal a falta de qualidade da mensagem que pretendem transmitir. Irrita-me a vontade, manifestada por alguns, de passar à frente de tudo. Talvez achem, quiçá erradamente, que o seu tempo é mais importante que o dos outros. Irrita-me estar a expôr uma ideia e ser interrompido. Se a ideia fôr má ou errada, há tempo para ser contrariada. Irrita-me a falta de vontade de escutar, manifestada por algumas pessoas que se julgam conhecedoras de tudo, e tantas vezes patenteiam uma ignorância atroz. Irrita-me ainda mais a reacção de despeito que manifestam se finalmente se apercebem que não são donas da razão. Irrita-me que se advoguem direitos e tantas vezes se esqueçam deveres. Pois, eu sei... irrito-me com facilidade...
Imagem: Skull ( http://pwp.netcabo.pt/corsario/signatures/skull.gif )
Este Natal fui agraciado com alguns presentes deveras interessantes, e neste lote estava incluído este eterno clássico do cinema, datado de 1973, que conta a história de Henri "Papillon" Charriére, acusado e condenado por homicídio. Desterrado para a colónia penal de Saint Laurent, na Guiana Francesa, nunca se resignou a pagar por um crime do qual sempre se disse inocente. Tentou por diversas vezes evadir-se, até que finalmente o conseguiu, após anos sob condições totalmente desumanas. Um filme com desempenhos magistrais de Steve McQueen no papel de Papillon e de Dustin Hoffman como Dega, companheiro de prisão. Impressiona o realismo das cenas, impressiona a crueza com que é retratado um sistema prisional que assumidamente não serve para a reabilitação, mas impressiona sobretudo a tenacidade de um homem que perante a adversidade nunca se vergou. Vi o filme ainda criança, retive na memória algumas das cenas, mas o que me verdadeiramente marcou foi a noção de que um espírito verdadeiramente livre não pode ser amordaçado. Revi o filme ontem. Tal como um espírito livre, este filme não envelhece.
Imagem: Papillon Poster ( www.impawards.com/1973/papillon_ver1.html )
A nossa incapacidade de compreender ou efectuar a comunicação com outros animais pode ter origem na nossa relutância em dominar modos que não nos são familiares de lidar com o mundo. Por exemplo, os golfinhos e as baleias, que se apercebem do que os rodeia com uma técnica muito elaborada de eco-localização, ou seja, localização por sonar, também comunicam uns com os outros por meio de um conjunto de sons rico e complexo, cuja interpretação tem até hoje escapado às tentativas dos cientistas no sentido de os compreender. Uma sugestão recente é que a comunicação golfinho/golfinho implica uma recriação das características do reflexo sonar dos objectos descritos. Segundo esta perspectiva, um golfinho não diz uma só palavra para tubarão, mas transmite um conjunto de cliques que correspondem ao espectro de reflexão auditivo que obteria se estivesse de facto a irradiar o tubarão com o seu sonar, criando assim uma espécie de onomatopeia, um desenho composto por imagens sonoras, neste caso, caricaturas de tubarão. É possível imaginar a amplitude de uma tal linguagem de ideias concretas... Será possível que os golfinhos criem imagens auditivas a partir da imaginação, e não da experiência? Poderão também eles ter pensamentos abstractos?
Adaptação de trecho da obra Os Dragões do Éden, de Carl Sagan
Imagem: Golfinho (http://www.surfrider.org.br/intranet/imagem/destaque/golfinho.jpg)
" Os animais não abstraem, declarou John Locke, expressando a opinião predominante da humanidade ao longo da história. O bispo Berkeley, porém, replicou sardónicamente: Se o facto de os irracionais não abstraírem for considerado a característica distintiva dessa espécie de animais, receio que um grande número daqueles que passam por homens tenham de ser incluidos neles. O pensamento abstracto, pelo menos nas suas variedades mais subtis, não é um acompanhamento invariável da vida quotidiana para o homem médio. O pensamento abstracto será uma questão não de tipo, mas de grau? Os animais serão capazes de pensamento abstracto, mas mais raramente ou menos profundamente do que os seres humanos? Temos a impressão de que os outros animais não são muito inteligentes. Mas teremos imaginado a possibilidade de inteligência animal com o cuidado suficiente, ou limitamo-nos a associar a ausência do nosso estilo de expressão de inteligência à ausência de inteligência?"
Carl Sagan, em Os dragões do Éden
Imagem: Abstracção Luminosa, Francis Bruguière, 1920 ( fotografia )
Desenganem-se aqueles que pensam que vou falar sobre religião. Tenho uma opinião muito negativa acerca daquilo que considero ser o aproveitamento das fragilidades humanas para se comercializar a ideia de Deus. Não sendo crente, respeito as crenças, da mesma forma que espero que respeitem o meu ateísmo. Vou escrever sobre a fé em sentido lato. O que nos leva a acreditar em algo quando faltam evidências? Argumentaremos que a ausência de prova não é prova da ausência... É um argumento pertinente, de facto. E quando há evidências em sentido contrário e continuamos a querer acreditar? Que poderemos alegar? Cegueira? Falta ou falha de raciocínio crítico? Emotividade? Não tenho uma resposta definitiva, mas também pouco conheço de psicologia... Sei, no entanto, que frequentemente nos confrontamos com esta estúpida necessidade de crer sem questionar. Não nos deixemos cair nessa tentação, e livremo-nos desse mal...
A física dos átomos, a que se chama mecânica quântica, revelou-nos que o acaso está inscrito no nível mais profundo da natureza. Consideremos, por exemplo, um electão de que gostaríamos de saber o futuro. Teríamos necessidade de saber, com a maior precisão, onde ele está e para onde vai. Para não o perturbarmos, optaríamos por o observarcom radiação de muito baixa energia. Quanto mais baixa a energia da radiação, maior o comprimento de onda, mas como é impossível localizar o electrão com uma precisão superior a um comprimento de onda, teremos que nos contentar com uma incerteza de vários metros, se tivermos optado por "iluminar" o electão com uma onda do tipo radiofónico. Para obtermos uma medida muito precisa da posição de um electrão teríamos que usar uma radiação de onde muito curta, raios X ou gama. Em virtude da grande energia destas ondas, o choque será violento, e a perturbação importante. O electrão certamente mudará de velocidade ou de trajectória. Em 1927 Heisenber percebeu esta limitação fundamental na exactidão com que se pode determinar em simultâneo a posição e a velocidade de uma partícula subatómica¹. O elemento de incerteza que a natureza mantém ao nível dos átomos vai influenciar a possibilidade de se conhecer o futuro. Esta incerteza vai degradar a descrição do amanhã, descrição de QUE temos necessidade para descrevermos o depois-de-amanhã. Com a distância no futuro os contornos do que podemos saber esvaem-se inapelavelmente...
Nota¹: Principio da incerteza de Heisenberg
Imagem: http://www.spaceandmotion.com/Images/heisenberg-werner-quantum-1.jpg
Fonte: Um pouco mais de azul, de Hubert Reeves ( Edições Gradiva )
Ao nosso país falta tudo, desde economistas competentes a agentes de turismo capazes. Falta-nos garra e vivemos cada vez mais acomodados. Falamos muito e pouco fazemos... Limitamo-nos a engolir as patranhas que ainda por cima nos são vendidas a um preço demasiadamente elevado. A maior parte da população desistiu de pensar...limita-se a consumir. Consome novelas, consome futebol, consome bens na medida em que o crédito, cada vez mais escasso, o vai permitindo. Quer viver de aparências e para as aparências. Desistiu de aprender, quer ser apenas "aprovada". Desistiu de viver, quer apenas ser reformada...
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