Toda a matéria gera ao seu redor um campo gravítico, uma deformação na estrutura do Espaço, cujo grau de grandeza é proporcional à massa. É comum ver-se a representação pictórica deste conceito em imagens nas quais um objecto esférico, assente sobre uma superfície macia, altera a planura dessa mesma superfície. Contudo, a figuração usual é incompleta, na medida em que o Espaço é um volume tridimensional e não um plano sobre o qual os corpos celestes se deslocam. A deformação ocorre, pois, curvando o Espaço sobre si próprio. Se uma grande quantidade de matéria estiver concentrada numa região suficientemente pequena, o campo gravítico gerado encurvará de tal forma o Espaço em torno do objecto que ele ficará autocontido e isolado do resto do Universo por um horizonte de eventos.
Antes da Grande Explosão, toda a matéria e energia do Universo estavam contidas numa singularidade cósmica, o Ovo Primordial que tudo abrangia, negando peremptoriamente a exterioridade da tessitura espácio-temporal, numa nudez impossível de ser contemplada, na medida em que nem o horizonte de eventos pode existir no “não-espaço”. Destituída de sentido é pois a representação do nascimento do Cosmo como um evento passível de ser observado de um referencial que não o interior. O espaço-tempo – e as sete dimensões adicionais de curvatura a tender para o infinito – sempre existiram dentro do Todo, qualquer que fosse ou seja a sua finita dimensão.
Imagem: Singularidade (http://www.proetcontra.com/wp-content/uploads/singularity.jpg)
De Mónica a 27 de Março de 2010 às 11:08
...então tudo é tempo e espaço... logo, dentro do todo significa que nós e a nossa matéria somos viajantes do espaço e do tempo (sempre e desde sempre, porque tudo está dentro do todo a todo o momento e em todo o espaço)...
Olá VAD, eu sou a Mónica e já não tenho blogs lol, mas continuo fã das tuas odisseias ...
e se tudo é espaço e tempo não há necessidade de nos deixarmos controlar por essas duas constantes porque tudo é sempre o mesmo momento...
continuamos a apostar no alcance do que vemos com os nossos sentidos físicos e no entanto sabemos que somos muito mais do que apenas matéria, somos partículas integrantes do todo e a todo o instante, isso sugere-me que somos uma consciência infinita (no antes, no agora e no depois), porque somos energia em movimento, através do espaço e do tempo.
voltasti!
Fixe!
Eu sabia que andavas por aí!
Beijinho
Mónica
De
V.A.D. a 30 de Janeiro de 2011 às 22:25
Olá, Mónica :-)
Tenho andado arredado da blogoesfera; "outros valores mais altos se têm alevantado", e só agora arranjei disponibilidade para responder a alguns comentários gentilmente feitos por algumas pessoas que estimo.
Somos realmente viajantes no espaço e no tempo, mas o Tempo é uma dimensão especial, na medida em que só a podemos percorrer num sentido. Não concordo contigo quando dizes que tudo é sempre o mesmo momento. Cada "agora" sucede a um instante anterior, ao qual deixamos de ter efectivo acesso; o passado é-nos vedado pela direcção da "seta do tempo", definida aquando do (re)nascimento do nosso Universo. É possível que o sentido da dita seta se venha a inverter, quando a expansão do Cosmo parar e o espaço começar a contrair-se...
Temos de basear as nossas percepções nos sentidos físicos... Apesar de imperfeitos e limitados, são eles que nos permitem aceder a um certo grau de realidade, embora ache que a "realidade intrínseca" seja muito mais profunda do que aquilo que podemos sequer vislumbrar...
Cada átomo do nosso corpo, com excepção dos de hidrogénio, foi criado por fusão nuclear no coração de uma estrela. Somos "filhos" do Universo e um dos mais magníficos exemplos da contradição da entropia, mas não creio que sejamos muito mais que um "software" a funcionar num "hardware", computadores biológicos aperfeiçoados por milhões de anos de evolução. Funcionamos em rede, mas apenas e só enquanto o harware de cada um de nós se mantiver operacional... :-)
Vou andar por aí... E espero que leias esta minha reposta; ainda que tardia é dada com grande prazer.
Um beijinho
V.A.D.
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