“Arranco violentamente as conexões neurais que me aliam à I.A., os eléctrodos ligados ao transceptor de arsieneto de gálio implantado na nuca ficando irremediavelmente danificados, uma definitiva cessação das esparsas e inconsequentes comunicações parecendo-me a melhor forma de readquirir o domínio completo de mim próprio e da cápsula que me ampara. Revejo mentalmente o plano que decorre das conclusões matematicamente encontradas, reassumo o lugar de piloto que me pertence por direito e traço o rumo no ecrã táctil. Incontáveis qubits flúem do computador de navegação para cada um dos processadores quânticos associados aos inúmeros propulsores direccionais. Lenta mas inexoravelmente, o veículo alinha-se no sentido de rotação da ergosfera, o motor de antimatéria levado nessa altura à potência máxima em escassos vinte e três nanossegundos, um impulso milhares de vezes superior à massa da nave sendo desenvolvido quase instantaneamente. Parece paradoxal, eu sei, mas neste preciso momento atravesso a linha temporal no sentido antagónico ao percorrido por incontáveis googois de seres viventes…”