Segunda-feira, 17 de Novembro de 2008
“O calendário diz-me que treze dias terrestres estão transcorridos e, contudo, a realidade apresenta-se obstinadamente discordante. O Tempo imobilizou-se num emaranhado de sentimentos antinómicos, o humor alternando entre a resignação apática e uma irascibilidade quase violenta, os raros momentos de serenidade sendo aproveitados em cômputos cujos resultados me parecem cada vez mais inverosímeis. A insónia tem-me atormentado sobremaneira, a mente ressentida da privação do repouso parecendo recusar-me a profundidade de reflexão tão necessária à superação da crise em que me vejo envolvido. Erro de trajectória ou insólita deformação do espaço-tempo, defeito nos sistemas de orientação ou incúria da I.A. na efectivação das imprescindíveis correcções para conservar a nave no plano de voo antecipadamente estabelecido? Talvez tenha sido uma conjugação de factores adversos e de circunstâncias invulgares a trair as expectativas, provavelmente elas próprias excessivas, a ousadia de acreditar em futuros risonhos fazendo-se pagar bem cara com decepcionantes reveses… E agora, um indeclinável conflito intestino agiganta-se por entre os meatos quase vegetativos da entidade em que me tenho vindo a tornar, ameaçando rasgar o que resta da inteireza…”
V.A.D. em Ergosfera
Imagem: Perímetro da Ergosfera
De Ventania a 17 de Novembro de 2008 às 23:39
A insónia prolongada cria situações quase psicóticas. A capacidade de reflexão vai-se tornando cada vez mais necessária e cada vez mais descontrolada. O cérebro produz substâncias que mantêm o estado de alerta alimentado criando uma fusão entre o real e o ilusório e o tempo absorve-nos de uma forma tal que nos obriga a uma constante localização espacio-temporal mental.
Eu andei literalmente perdida de mim, fui sugada algures não sei por quê, nem quando, mas senti-me gravitar num espaço sem tempo e sem ponto cardeal, entre o passado e o presente, entretanto passado.
Voltei, talvez me reconheças, talvez não, mas eu apresento-me:
Olá V.A.D, sou a Ventania e admiro-te pela forma tão fenomenal que escreves. :)
Beijinho
De
Cöllyßry a 18 de Novembro de 2008 às 19:32
A privação de repouso noturno, trará probemas quer fisicos quem da mente, o Espirito neccessita de se desligar do fisico e repor as energias necessárias ao bom funcionamento, dos dois...
Espero que estes dolorosos momentos sejam breves...
Beijitos
De Velucia a 19 de Novembro de 2008 às 03:04
Olá V.A.D
Sabe que não entendo nada de ergosfera e nem do perímetro dela.
Mas sei o que são treze dias terrestres, sei quando o tempo imobiliza os sentimentos, também sei o que é insônia, tudo isso porque senti quando privaram-me de um projeto de vida.
Sei também da expectativa que coloquei neste projeto. Expectativa demais, excessiva que trouxe-me um grande conflito.
Tudo isso que escreveu passou-se comigo mesmo sem entender de ergosfera.
Por isso já disse-lhe que teus textos são tão profundos.
Mesmo assim vou continuar lendo-os.
Um abraço.
De
Fisga a 20 de Novembro de 2008 às 18:37
Olá Amigo V. A. D. Peço desculpa por só agora aparecer, mas não fazia ideia que tinha voltado aos seus tão peculiares estudos da ciência. Vi que conseguiu encontrar o perímetro da ergosfera . Também vi que passou por uma espécie de metamorfose, enquanto tudo isto se foi passando, também vi que tudo isto escapa como enguias entre os dedos, à minha capacidade analítica, mas acredito piamente que é assim mesmo. Um abraço Eduardo.
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De
Emanuela a 23 de Novembro de 2008 às 02:54
É amigo, a grande maioria das tuas publicações faz-me "correr atrás" para melhor entender do que falas. E aprendo com elas. Obrigada!
Beijinhos e bom domingo!
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